Lente de óculos com filtro de luz azul. Funciona?

 O que é a luz azul e como ela pode afetar a saúde dos olhos?

A luz azul é uma fração do espectro visível da luz, com comprimento de onda entre 400 e 500 nanômetros. Ela é emitida naturalmente pelo sol, mas também é gerada em grande quantidade por dispositivos eletrônicos como celulares, computadores, televisores e lâmpadas LED. Com o uso cada vez mais intenso desses aparelhos, cresceu a preocupação com os efeitos da exposição prolongada à luz azul na saúde ocular.

Estudos mostram que a luz azul de alta energia pode penetrar até a retina, causando estresse oxidativo, danificando as células do epítélio pigmentado da retina (RPE) e induzindo a morte celular programada. Esse processo está associado ao desenvolvimento de doenças como a degeneracão macular relacionada à idade (DMRI), catarata e sintomas de fadiga ocular digital, como olhos secos, dor de cabeça, visão borrada e insônia.

Como funcionam as lentes com filtro de luz azul?

As lentes com filtro de luz azul são desenvolvidas para bloquear ou filtrar parte da radiação azul emitida por fontes artificiais. Existem dois tipos principais de tecnologia utilizada: revestimentos antirreflexo com propriedades de filtragem de azul (que refletem a luz azul) e materiais com pigmentação amarelada ou amarronzada (que absorvem a luz azul).

Imagem IlustrativaEssas lentes geralmente reduzem a transmissão da luz azul em até 20-25%, dependendo da marca e do modelo. Algumas promessas incluem proteção da retina, melhora no conforto visual durante o uso de telas e regulação do ciclo circadiano ao diminuir a supressão de melatonina à noite.

 Há evidências de que as lentes com filtro de luz azul são eficazes?

As evidências científicas sobre a eficácia dessas lentes ainda são limitadas e, muitas vezes, inconclusivas.

Um estudo publicado na PLOS ONE (Leung et al., 2017) mostrou que lentes com filtro de luz azul podem reduzir a toxicidade da luz em até 23%, sem comprometer a sensibilidade ao contraste ou a discriminação de cores. No entanto, mais de 70% dos participantes não perceberam alterações subjetivas significativas no desempenho visual ou na qualidade do sono.

Uma revisão sistemática da Cochrane Library (2023) analisou 17 estudos randomizados e concluiu que não há evidências suficientes para afirmar que essas lentes reduzem fadiga ocular, melhoram a qualidade do sono ou protegem a mácula de forma significativa. Muitos dos estudos apresentavam risco de viés e resultados heterogênos.

Alguns relataram efeitos adversos leves, como desconforto e dores de cabeça.

Outro artigo publicado em 2025 na revista Frontiers in Pharmacology destaca os mecanismos pelos quais a luz azul pode causar danos à retina, reforçando a hipótese biológica da necessidade de proteção. No entanto, ele também ressalta que o papel das lentes filtrantes ainda requer investigação clínica mais robusta.

 Leia também: Lente intraocular com filtro de luz azul. Funciona?

 Conclusão: Vale a pena usar?

O uso de lentes com filtro de luz azul pode oferecer algum conforto visual para quem passa muitas horas em frente a telas, especialmente em ambientes com baixa iluminação. Porém, é importante esclarecer que a ciência ainda não comprovou de forma consistente os benefícios dessas lentes na prevenção de doenças oculares ou na melhora da qualidade do sono.

Portanto, seu uso deve ser considerado uma medida complementar, e não substitutiva, de bons hábitos visuais, como pausas regulares, boa iluminação no ambiente de trabalho, manutenção da lubrificação ocular e consultas periódicas com o oftalmologista.

  Referências:

• Leung TW, Li RW-h, Kee C-s. Blue-Light Filtering Spectacle Lenses: Optical and Clinical Performances. PLoS ONE. 2017.
• Singh S, et al. Blue-light filtering spectacle lenses for visual performance, sleep, and macular health in adults. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2023.
• Yan Y et al. A review on eye diseases induced by blue light. Front Pharmacol. 2025. Link

Pesquisa de modelos e marcas comerciais, com valores de venda online:

Essilor – Crizal Prevencia

Tecnologia com filtro seletivo que bloqueia a luz azul-violeta prejudicial e permite a passagem da luz azul-turquesa benéfica. Inclui proteção UV e antirreflexo.

Modelos: Airwear Crizal Forte UV (a partir de R$ 689), Stylis 1.67 Crizal Forte UV (R$ 1.509), Stylis Crizal Sapphire 1.74 (R$ 1.959)

Destaques: conforto visual elevado, excelente antirreflexo e proteção UV.

Indicação: ideal para quem busca alta performance visual e proteção ocular.

Hoya – BlueControl

Tecnologia com revestimento que reduz a luz azul nociva, minimiza reflexos e melhora o contraste visual.

Modelos: Ultrax/Thinhard Aqua (a partir de R$ 120), Mio/Highlight 1.67 NO-Risk (R$ 1.044), Mio/Highlight Identity V+ No Risk 1.74 (R$ 3.060)

Destaques: bom custo-benefício, durabilidade e opções personalizadas.

Indicação: indicada para usuários que passam muitas horas em frente às telas.

Zeiss – BlueProtect

Filtro que bloqueia a luz azul de alta energia, oferecendo nitidez visual e redução de brilho.

Modelos: Duravision Platinum UV 1.59 (a partir de R$ 859), 1.67 (R$ 1.199), 1.74 (R$ 1.799)

Destaques: qualidade óptica superior e conforto para uso digital intenso.

Indicação: ideal para profissionais, estudantes e gamers.

Kodak – Total Blue

Tecnologia que bloqueia até 80% da luz azul-violeta, mantendo transparência elevada.

Destaques: proteção eficiente aliada a uma estética discreta.

Indicação: ótima opção para quem quer proteção sem comprometer a aparência das lentes.

Perguntas de pacientes sobre os óculos com filtro de luz azul:

1. O que são lentes com filtro de luz azul?

São lentes oftálmicas com tecnologia capaz de bloquear ou filtrar parte da luz azul emitida por telas de dispositivos eletrônicos, lâmpadas LED e outras fontes artificiais de luz.

2. Essas lentes protegem contra doenças como a degeneração macular?

Ainda não há consenso científico sobre sua eficácia na prevenção de doenças como a DMRI. Estudos como o da Cochrane Library (2023) indicam que a proteção pode ser limitada e que mais pesquisas são necessárias.

3. Qual a diferença entre luz azul-violeta e azul-turquesa?

A luz azul-violeta (415-455 nm) é considerada potencialmente nociva à retina, enquanto a azul-turquesa (455-495 nm) é benéfica e participa da regulação do sono e do humor.

4. Marcas como Essilor, Hoya e Zeiss oferecem esse tipo de lente?

Sim. A Essilor oferece a linha Crizal Prevencia, a Hoya tem a BlueControl, e a Zeiss trabalha com a BlueProtect. Cada uma tem tecnologias específicas para bloqueio seletivo da luz azul.

5. Lentes com filtro azul interferem na cor das imagens?

Algumas sim, principalmente as com tonalidade amarelada. No entanto, marcas como Crizal Prevencia e BlueProtect utilizam filtros quase incolores para não distorcer as cores.

6. Quem deve usar lentes com filtro de luz azul?

Indicadas para pessoas que passam muitas horas em frente a telas, como profissionais de TI, estudantes e gamers. Também podem ajudar pacientes com queixas de olhos cansados, dor de cabeça ou insônia leve.

7. Elas ajudam mesmo a dormir melhor?

Os efeitos na qualidade do sono são controversos. Algumas pessoas relatam melhora, mas estudos como o de Leung et al. (2017) não mostraram diferenças estatisticamente significativas.

8. Existem lentes com grau e filtro de luz azul?

Sim. Todas as marcas citadas oferecem opções com grau, inclusive multifocais. Exemplos incluem a Stylis Crizal Sapphire 1.74 (Essilor) e Mio Identity V+ BlueControl 1.74 (Hoya).

9. As lentes com filtro de luz azul são caras?

O valor varia conforme a marca, o material e o grau. Modelos como Hoya BlueControl Ultrax 1.59 podem custar a partir de R$ 120, enquanto opções premium como Zeiss BlueProtect 1.74 podem ultrapassar R$ 1.800.

10. Vale a pena investir nesse tipo de lente?

Para conforto visual no dia a dia, sim. Mas é importante alinhar expectativas: essas lentes não substituem cuidados essenciais como pausas visuais, uso de colírios lubrificantes e acompanhamento oftalmológico.