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Visão Dupla Após Cirurgia de Catarata: O Que Fazer?

lentes intraoculares - infografico

Visão Dupla Após Cirurgia de Catarata: O Que Fazer?

 

A cirurgia de catarata é um dos procedimentos oftalmológicos mais realizados no mundo. Graças aos avanços da medicina, ela apresenta excelentes índices de sucesso e costuma restaurar significativamente a qualidade visual dos pacientes. No entanto, apesar da recuperação visual ser geralmente rápida e satisfatória, alguns pacientes podem experimentar um sintoma inesperado e desconcertante: a visão dupla, também chamada de diplopia. Isso pode ser chamado de estrabismo, caso os olhos não estejam alinhados.

 

Esse sintoma pode ser preocupante e impactar profundamente a qualidade de vida, interferindo em tarefas simples como ler, dirigir ou caminhar. O desconforto visual e a insegurança provocados pela diplopia podem levar à frustração e até sintomas emocionais, como ansiedade ou depressão, principalmente quando o paciente esperava uma recuperação visual plena após a cirurgia.

 

Mas por que esse sintoma surge após uma cirurgia aparentemente bem-sucedida? É algo comum? Precisa de tratamento? Neste artigo, vamos responder essas e outras perguntas com base nas evidências científicas mais recentes, ajudando pacientes e profissionais da saúde ocular a compreender melhor essa condição e suas alternativas terapêuticas.

 

  1. O que é catarata e como funciona a cirurgia?

A catarata é uma das principais causas de cegueira reversível no mundo. Trata-se da opacificação progressiva do cristalino, a lente natural do olho, que se torna turva com o tempo, prejudicando a passagem de luz até a retina. Isso provoca sintomas como visão borrada, dificuldade com luzes fortes (fotofobia), halos ao redor das luzes e alteração na percepção de cores.

 

O envelhecimento é a causa mais comum da catarata, mas ela também pode surgir em decorrência de traumas oculares, doenças metabólicas (como diabetes), uso prolongado de corticoides, exposição excessiva ao sol ou até mesmo por predisposição genética.

 

A cirurgia de catarata consiste na remoção do cristalino opaco e implantação de uma lente intraocular (LIO), que pode ser monofocal, multifocal, tóricas ou com outras tecnologias que corrigem diferentes graus de ametropias. A técnica mais usada é a facoemulsificação, realizada com anestesia local, geralmente sem necessidade de internação.

 

Na maioria dos pacientes, a recuperação é rápida e os resultados visuais são excelentes. Porém, como em qualquer procedimento médico, existem riscos e complicações possíveis. Uma delas, embora rara, é a diplopia.

 

  1. É comum o aparecimento de visão dupla após a cirurgia de catarata?

A diplopia pós-operatória é uma complicação incomum, mas que pode ser bastante incômoda. Estudos científicos relatam incidência entre 0,17% e 0,75% dos casos. Embora os números pareçam baixos, o impacto funcional é elevado, e por isso o problema merece atenção.

 

A diplopia pode ser classificada em dois grandes grupos:

  • Monocular: permanece mesmo quando apenas um olho está aberto. Geralmente está relacionada a distorções ópticas, como deslocamento ou descentração da lente intraocular, astigmatismo irregular ou disfunções da córnea. Pode também ocorrer por opacificação da cápsula posterior.
  • Binocular: ocorre quando os dois olhos estão abertos e desaparece ao ocluir um dos olhos. É a forma mais frequente após a cirurgia de catarata e costuma estar relacionada a desalinhamento ocular (estrabismo).

 

Principais causas da diplopia binocular pós-catarata:

 

  1. Descompensação de estrabismo latente: Muitos pacientes apresentam pequenas heteroforias controladas inconscientemente pelo cérebro. Após a cirurgia, com a melhora na acuidade visual, o cérebro pode não conseguir mais manter a fusão das imagens, resultando em diplopia.
  2. Miotoxicidade anestésica: Certas técnicas de anestesia regional (peribulbar e retrobulbar) podem afetar diretamente os músculos extraoculares. A toxicidade de anestésicos como bupivacaína ou lidocaína pode causar inflamação, necrose, fibrose e, eventualmente, paralisia ou restrição muscular, especialmente dos músculos reto inferior e reto superior.
  3. Trauma direto durante a anestesia: A introdução da agulha anestésica, principalmente em pacientes com órbitas rasas ou anatomia desfavorável, pode lesar estruturas musculares ou nervosas, resultando em paresias e consequente estrabismo vertical ou oblíquo.
  4. Aniseiconia e anisometropia pós-operatórias: Diferenças significativas de refração entre os dois olhos, quando só um olho é operado, podem causar desconforto binocular, levando a sintomas de diplopia. Em alguns casos, o implante de LIO com potência inadequada pode ser a origem do problema.
  5. Distúrbios sensoriais: Pacientes com ambliopia, privação visual prolongada, ou fusão binoculares frágeis (por exemplo, em casos de estrabismo infantil) podem ter dificuldade em recuperar a visão binocular funcional após a melhora da acuidade.
  6. Aberrações ópticas: LIO descentralizadas, mal posicionadas ou com halos indesejados (em modelos multifocais, por exemplo) também podem gerar confusão visual e diplopia perceptual.

 

É importante lembrar que, em muitos casos, a diplopia pós-operatória tem causa multifatorial, exigindo uma abordagem diagnóstica cuidadosa.

 

  1. Como tratar a visão dupla ou estrabismo que aparece após a cirurgia de catarata

O tratamento da diplopia após cirurgia de catarata depende da causa subjacente e do grau de impacto funcional. A abordagem deve ser personalizada, considerando fatores como tempo de início, intensidade dos sintomas, histórico visual e expectativas do paciente.

 

Etapas do diagnóstico:

  • Avaliação ortóptica completa: Testes de motilidade ocular, cover test, prismas, dução forçada e medidas de ângulo de desvio são fundamentais.
  • Imagens complementares: Exames como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) podem revelar fibroses musculares, hematomas ou alterações orbitárias.
  • Histórico pré-operatório: Saber se o paciente já teve estrabismo, ambliopia ou anisometropia significativa ajuda na identificação de causas ocultas.

 

Estratégias terapêuticas:

  1. Observação e acompanhamento: Em casos leves ou recentes, a diplopia pode regredir espontaneamente em até 3 meses, especialmente se causada por edema ou efeito temporário da anestesia.
  2. Óculos prismáticos: Prismas podem compensar desalinhamentos leves a moderados, aliviando o sintoma sem intervenção cirúrgica. São úteis também como tratamento provisório enquanto se aguarda recuperação natural ou decisão sobre cirurgia.
  3. Toxina botulínica (Botox): Injeções em músculos hiperativos podem equilibrar a motilidade ocular, sendo uma opção minimamente invasiva para casos selecionados.
  4. Cirurgia de estrabismo: Indicada quando há desalinhamento persistente que afeta a qualidade de vida e não responde ao tratamento conservador. Os músculos afetados podem ser reposicionados para restaurar o paralelismo ocular.
  5. Terapia visual ortóptica: Exercícios específicos podem fortalecer a fusão binocular e melhorar o conforto visual, especialmente em pacientes com fusão residual.
  6. Reoperação intraocular: Em raros casos de diplopia monocular causada por LIO descentralizada ou mal implantada, a substituição ou recentralização da lente pode ser necessária.

 

Prevenção da diplopia pós-cirúrgica:

  • Avaliação ortóptica pré-operatória: Essencial em pacientes com histórico de estrabismo, ambliopia ou queixas de diplopia anterior.
  • Uso de hialuronidase na anestesia regional: Reduz o risco de miotoxicidade, permitindo melhor difusão da solução anestésica.
  • Técnica cirúrgica cuidadosa: Preferência por anestesia tópica sempre que possível, evitando bloqueios profundos com maior risco de lesão muscular.
  • Planejamento refracional adequado: Evitar grandes discrepâncias de refração residual entre os olhos, principalmente em cirurgias unilaterais.

 

  1. Conclusão

A visão dupla após cirurgia de catarata é uma complicação rara, porém potencialmente incapacitante. Sua ocorrência envolve fatores ópticos, motores e sensoriais, e muitas vezes exige uma investigação minuciosa e abordagem multidisciplinar.

 

Felizmente, a maioria dos casos tem solução. Desde medidas simples, como correção com prismas, até procedimentos cirúrgicos para correção de estrabismo, é possível restaurar a visão confortável e funcional ao paciente. O importante é que o oftalmologista esteja atento aos sinais e realize um acompanhamento detalhado, sobretudo em pacientes com histórico de alterações binoculares.

 

Para o paciente, a principal mensagem é: não ignore sintomas de visão dupla após a cirurgia de catarata. Embora muitas vezes seja passageira, a diplopia deve ser avaliada com seriedade para garantir o melhor resultado visual possível.

 

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
Saiba mais em aronguimaraes.com.br

 

Perguntas sobre o tema:

  1. Eu operei de catarata há 2 meses e comecei a perceber que estava vendo duplo (diplopia). O que pode ter ocorrido? Como resolver?

Isso pode ser consequência de um desalinhamento ocular (estrabismo) que foi descompensado após a melhora da visão, ou de uma alteração nos músculos oculares devido à anestesia. O tratamento pode incluir óculos com prisma, toxina botulínica ou, em casos persistentes, cirurgia corretiva.

 

  1. Minha visão estava ótima logo após a cirurgia, mas de repente comecei a ver duas imagens do mesmo objeto. Isso é normal? Devo me preocupar?

Não é esperado que surja diplopia repentina semanas após a cirurgia. Pode indicar um estrabismo oculto descompensado, ou uma complicação óptica. É importante avaliar para definir a causa exata e orientar o melhor tratamento.

 

  1. Eu percebo visão dupla apenas quando olho para o lado esquerdo ou para cima. Isso significa que algum músculo do olho foi afetado na cirurgia?

Sim, esse padrão sugere envolvimento de músculos específicos, possivelmente por miotoxicidade anestésica. Uma avaliação ortóptica completa pode identificar qual músculo está comprometido e indicar o melhor tratamento.

 

  1. Quando tampo um dos olhos, a visão dupla desaparece. Isso quer dizer que o problema está nos dois olhos juntos? O que está desalinhado?

Exatamente. Esse tipo de diplopia é binocular, ou seja, depende da interação entre os dois olhos. Indica desalinhamento ocular que pode ser corrigido com prismas, botox ou cirurgia.

 

  1. Eu nunca tive problema de estrabismo antes. É possível que a cirurgia de catarata tenha causado esse desalinhamento novo?

Sim, a cirurgia pode “desmascarar” um estrabismo latente, ou o trauma da anestesia pode ter afetado os músculos oculares, levando a um novo desalinhamento.

 

  1. A visão dupla só aparece quando estou cansado ou lendo por muito tempo. Isso também é considerado diplopia após cirurgia? É algo grave?

Esse tipo de diplopia intermitente está relacionado à fadiga visual e geralmente indica instabilidade de fusão binocular. Não é grave, mas pode ser tratado com exercícios visuais ou prismas.

 

  1. Minha cirurgia foi só em um olho e agora percebo diferença de foco entre os dois, o que me deixa com visão confusa ou dupla. Isso é comum?

Sim, essa condição pode ser causada por anisometropia, uma diferença de grau entre os olhos após a cirurgia. O ajuste do óculos ou lente de contato resolve na maioria dos casos.

 

  1. Ouvi dizer que a anestesia usada na cirurgia pode afetar os músculos dos olhos. Isso é verdade? Como saber se foi o meu caso?

É verdade. A anestesia retrobulbar ou peribulbar pode causar inflamação ou dano direto ao músculo ocular. A avaliação com exames de motilidade ocular e imagem pode confirmar.

 

  1. Fiz a cirurgia com anestesia local por injeção. Existe risco dessa anestesia causar visão dupla? Isso passa sozinho?

Existe esse risco, sim. Em muitos casos, o efeito é temporário e melhora em semanas, mas se persistir além de 2–3 meses, pode ser necessária intervenção específica.

 

  1. Eu sinto dor atrás dos olhos quando tento focar em algo e vejo tudo dobrado. Isso pode estar relacionado com a cirurgia?

Pode estar relacionado, especialmente se houver esforço ocular por desalinhamento. O ideal é fazer uma avaliação ortóptica para verificar a coordenação entre os olhos.

 

  1. Tenho histórico de ambliopia e nunca enxerguei bem de um olho. Após a cirurgia, passei a ver duplo. Isso é comum nesses casos?

Sim, em quem tem ambliopia ou estrabismo antigo, a cirurgia pode ativar uma visão que estava suprimida, provocando diplopia. O tratamento pode incluir terapia visual e correção do desalinhamento.

 

  1. Me disseram que é normal ver um pouco estranho após a cirurgia. Mas já faz mais de um mês e continuo com a visão duplicada. Isso ainda é normal?

Não é comum que a diplopia persista após esse período. É sinal de que algo precisa ser investigado, como um desalinhamento ocular ou problema óptico da lente intraocular.

 

  1. Posso perder a visão por causa dessa visão dupla? Existe risco de algo mais grave?

A diplopia em si não leva à perda visual, mas pode impactar muito a qualidade de vida. É importante tratar para restaurar o conforto visual, mas raramente representa algo grave.

 

  1. Estou usando óculos novos e a visão dupla continua. Isso quer dizer que o grau está errado ou que o problema é outra coisa?

Se a visão dupla não desaparece com os óculos, o problema provavelmente está no alinhamento ocular e não apenas no grau. Um exame ortóptico pode esclarecer.

 

  1. Existe algum exame específico que mostra se o músculo do olho foi danificado pela cirurgia ou anestesia?

Sim, exames como ressonância magnética ou tomografia de órbita, além da motilidade ocular, ajudam a identificar lesões ou fibroses musculares pós-anestesia.

 

  1. Eu tenho 75 anos. A idade influencia na chance de ter visão dupla após a cirurgia?

Sim, pacientes mais idosos têm maior risco de descompensar estrabismos latentes ou desenvolver paresias musculares. Mas com diagnóstico correto, há boas opções de tratamento.

 

  1. Tem algum tipo de exercício que eu possa fazer em casa para melhorar a visão dupla?

Em alguns casos, sim. Exercícios ortópticos ajudam a fortalecer a fusão dos olhos. Mas é preciso primeiro identificar a causa correta da diplopia.

 

  1. É possível fazer outra cirurgia para corrigir esse problema da visão dupla? Como funciona?

Sim. Se houver desalinhamento persistente, uma cirurgia nos músculos extraoculares pode reposicioná-los e restaurar o paralelismo visual.

 

  1. Se eu fizer outra cirurgia no segundo olho, a visão dupla pode piorar?

Pode sim, especialmente se a primeira cirurgia causou desequilíbrio binocular. É essencial avaliar e estabilizar a visão antes da nova cirurgia.

 

  1. Estou inseguro para dirigir ou andar na rua por causa da visão dupla. O que posso fazer enquanto espero tratamento?

Você pode usar tampão ocular temporariamente ou óculos com prisma para aliviar os sintomas. Também é importante evitar atividades perigosas até estabilizar.

 

  1. A lente intraocular pode ter sido colocada errada e causar essa visão dupla?

É raro, mas possível. Uma lente descentralizada pode causar aberrações visuais. Exames com lâmpada de fenda e topografia podem identificar.

 

  1. Fiz a cirurgia num olho e agora percebo que ele está “torto” no espelho. Isso pode ser o motivo da visão dupla?

Sim. Se o olho está desalinhado visivelmente, é provável que o estrabismo esteja causando a diplopia. Uma avaliação ortóptica é essencial.

 

  1. É verdade que a toxina botulínica pode tratar esse problema sem precisar operar de novo?

Sim. O botox pode ajudar a reequilibrar os músculos oculares em casos leves a moderados. É um procedimento ambulatorial, com bons resultados temporários ou duradouros.

 

  1. Vi relatos de que prismas nos óculos ajudam. Eles funcionam mesmo? É confortável?

Sim, prismas redirecionam a imagem e podem eliminar a visão dupla. A adaptação varia, mas é uma excelente alternativa não cirúrgica em muitos casos.

 

  1. Quanto tempo leva, em média, para a visão dupla melhorar depois da cirurgia? Preciso esperar ou já tratar?

Casos leves podem melhorar em até 2–3 meses. Se os sintomas persistem ou pioram, não é necessário esperar indefinidamente — o ideal é iniciar tratamento o quanto antes.

 

 

Referências:

 

  1. NAYAK, H.; KERSEY, J. P.; OYSTRECK, D. T.; CLINE, R. A.; LYONS, C. J. Diplopia following cataract surgery: a review of 150 patients. Eye, v. 22, p. 1057–1064, 2008. Disponível em: https://www.nature.com/articles/6702847.
  2. HUNTER, D. G.; LAM, G. C.; GUYTON, D. L. Inferior oblique muscle injury from local anesthesia for cataract surgery. Ophthalmology, v. 102, n. 4, p. 501–509, 1995. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7891991/.
  3. GUNTON, K. B.; ARMSTRONG, B. Diplopia in adult patients following cataract extraction and refractive surgery. Current Opinion in Ophthalmology, v. 21, n. 5, p. 341–344, 2010. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20601879/
  4. KALANTZIS, G. et al. Post-cataract surgery diplopia: aetiology, management and prevention. Clinical and Experimental Optometry, v. 97, n. 5, p. 407–410, 2014. Disponível em: https://drkalantzis.gr/files/pdf/2.pdf
  5. COSTA, P. G.; DEBERT, I.; PASSOS, L. B.; POLATI, M. Persistent diplopia and strabismus after cataract surgery under local anesthesia. Binocular Vision and Strabismus Quarterly, v. 21, n. 3, p. 155–158, 2006. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16934027/

 

 

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