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Transplante de Córnea: Valor e Recuperação

transplante de córnea

Transplante de Córnea: Como funciona a cirurgia, quanto custa e como é a recuperação?

 

O transplante de córnea é uma cirurgia que substitui a córnea doente por uma saudável, restaurando a visão em pacientes com diversas doenças oculares. Com técnicas modernas como DMEK e DALK, a recuperação é mais rápida e com menores riscos de rejeição.

A fila de espera no Brasil é organizada pelo Sistema Nacional de Transplantes e o procedimento pode ser feito gratuitamente pelo SUS. A doação de córneas é essencial para viabilizar a cirurgia e depende da autorização da família após o falecimento do doador.

 

  1. O que é o transplante de córnea e desde quando ele existe?

O transplante de córnea, ou ceratoplastia, é um procedimento cirúrgico que substitui uma córnea doente ou danificada por uma saudável proveniente de um doador falecido. A córnea é a estrutura transparente que recobre a parte anterior do olho, responsável por grande parte da refração da luz. Quando ela perde sua transparência ou forma regular, a visão pode ser severamente comprometida.

 

A história do transplante de córnea remonta ao início do século XX. O primeiro transplante bem-sucedido foi realizado em 1905 pelo médico austríaco Eduard Zirm, marcando um marco histórico na oftalmologia e na medicina em geral. Desde então, a técnica evoluiu consideravelmente, incorporando avanços em microscopia, instrumentação cirúrgica, conservação de tecidos e imunologia. A cirurgia que antes envolvia a substituição total da córnea, conhecida como ceratoplastia penetrante, agora pode ser realizada de forma seletiva, com substituição apenas das camadas afetadas, como na ceratoplastia endotelial (DMEK e DSAEK) e na ceratoplastia lamelar anterior profunda (DALK).

 

Além da evolução técnica, o conhecimento das indicações, contraindicações, complicações e técnicas de acompanhamento pós-operatório também progrediu. Hoje, o transplante de córnea é o procedimento de transplante de tecido mais realizado no mundo, com excelentes taxas de sucesso e milhões de pacientes beneficiados.

 

  1. Quais são as doenças que precisam de um transplante de córnea?

Diversas doenças podem levar à necessidade de um transplante de córnea. Entre as mais comuns estão:

 

  • Ceratocone: Doença degenerativa não inflamatória em que a córnea assume uma forma cônica, resultando em distorção da visão. Em estágios avançados, quando os óculos e as lentes de contato não oferecem mais correção adequada, o transplante se torna necessário.
ceratocone
Imagem Ilustrativa
  • Distrofia endotelial de Fuchs: Condição hereditária em que as células endoteliais da córnea se degeneram progressivamente, levando à formação de edema e perda da transparência. É uma das principais indicações para ceratoplastia endotelial.
  • Ceratopatia bolhosa: Resulta de descompensação endotelial, muitas vezes secundária a cirurgias oculares prévias, como facectomia complicada. Caracteriza-se pela presença de bolhas dolorosas na superfície da córnea.
  • Cicatrizes corneanas: Decorrentes de infecções (como ceratites virais, bacterianas ou fúngicas), traumatismos ou queimaduras químicas. As cicatrizes comprometem a transparência da córnea e, consequentemente, a acuidade visual.
  • Degenerações e distrofias estromais: Podem afetar o estroma corneano, levando a opacidades visuais.
  • Falência de enxerto corneano prévio: Em casos onde um transplante anterior não teve sucesso, pode ser necessário repetir o procedimento (regraft).

 

A decisão sobre o tipo de transplante a ser realizado (penetrante ou lamelar) depende do tipo de doença, da profundidade do acometimento corneano e das condições clínicas do paciente.

 

  1. Como funciona a cirurgia e a anestesia?

A escolha da técnica cirúrgica está diretamente relacionada à camada corneana acometida:

 

  • Ceratoplastia penetrante (PK): Substituição de toda a espessura da córnea. É indicada quando todas as camadas estão comprometidas.
  • Ceratoplastia lamelar anterior profunda (DALK): Preserva a membrana de Descemet e o endotélio, sendo indicada em doenças que acometem o estroma, como o ceratocone.
  • Descemet stripping automated endothelial keratoplasty (DSAEK) e Descemet membrane endothelial keratoplasty (DMEK): Indicadas nas doenças endoteliais, como a distrofia de Fuchs. A DMEK substitui apenas a membrana de Descemet e o endotélio, enquanto a DSAEK inclui parte do estroma posterior.

 

O tipo de anestesia depende da técnica utilizada e das condições do paciente. Pode-se utilizar anestesia local com sedação, peribulbar ou geral. O tempo de cirurgia varia entre 30 a 90 minutos. Técnicas mais modernas como a DMEK oferecem menor tempo cirúrgico, incisão reduzida e menor manipulação intraocular.

 

O planejamento da cirurgia envolve exames pré-operatórios, avaliação da curvatura corneana, estado da retina e do nervo óptico. A escolha do doador também segue critérios rigorosos de compatibilidade e qualidade tecidual, com exames microbiológicos realizados nos bancos de olhos.

 

  1. Como é a recuperação da cirurgia?

 

A recuperação depende da técnica empregada e das características individuais do paciente. Em geral, o período de convalescença após o transplante de córnea exige cuidados rigorosos, principalmente nos primeiros meses.

 

  • Ceratoplastia penetrante (PK): A recuperação visual pode levar até 12 meses, com pontos de sutura que permanecem por cerca de um ano. A recuperação visual é gradual, com necessidade de acompanhamento oftalmológico frequente para ajuste dos colírios e controle da pressão intraocular.

 

  • DALK: A recuperação é mais rápida em comparação à PK, geralmente ocorrendo entre 3 e 6 meses. Como o endotélio do próprio paciente é mantido, o risco de rejeição é reduzido.

 

  • DMEK e DSAEK: As técnicas endoteliais proporcionam recuperação visual mais rápida. Em muitos casos, os pacientes relatam melhora significativa da visão já nas primeiras semanas. A visão continua a estabilizar ao longo de 1 a 3 meses.

 

Liberação para atividades após o transplante de córnea:

 

  • Leitura leve e assistir TV: Geralmente permitidas após a primeira semana, desde que o paciente não force a visão e siga as orientações médicas.
  • Atividades profissionais: Pacientes que trabalham em ambientes limpos, sem risco de trauma ocular ou exposição a poeira, podem retornar entre 2 e 4 semanas após a cirurgia, conforme orientação médica. Para atividades com maior exigência visual ou físicas, a liberação pode demorar mais.
  • Exercícios leves: Caminhadas e atividades leves podem ser retomadas em 2 a 3 semanas, evitando esforço excessivo e exposição ao sol. Atividades físicas mais intensas, como musculação ou corrida, geralmente são liberadas após 2 a 3 meses.
  • Dirigir: A liberação depende da recuperação visual. Em casos de DMEK ou DSAEK, muitos pacientes estão aptos a dirigir após 4 a 6 semanas. Já na PK, pode levar de 3 a 6 meses.
  • Uso de maquiagem e produtos nos olhos: Deve ser evitado por pelo menos 2 meses para prevenir infecções.
  • Viagens de avião: Após a primeira avaliação pós-operatória (geralmente em 1 semana), o médico poderá autorizar viagens, dependendo do estado do enxerto e da pressão intraocular.
  • Esportes de contato: Como futebol, artes marciais e natação devem ser evitados por pelo menos 6 meses. Em alguns casos, podem ser contraindicados permanentemente sem o uso de óculos de proteção.

 

Durante todo o período de recuperação, o uso correto dos colírios prescritos e a adesão às consultas de acompanhamento são fundamentais para o sucesso da cirurgia. A detecção precoce de sinais de rejeição (como dor, vermelhidão, visão embaçada) é essencial.

 

O pós-operatório inclui o uso de colírios antibióticos e anti-inflamatórios, acompanhamento periódico com medida de pressão intraocular, topografia e exame de lâmpada de fenda. A aderência ao tratamento e as visitas de seguimento são essenciais para o sucesso do transplante.

 

O sucesso a longo prazo depende também da etiologia da doença corneana, da presença de comorbidades oculares e sistêmicas e da adesão ao tratamento. Estudos mostram que, quando bem indicados e conduzidos, os transplantes oferecem excelente prognóstico visual.

 

  1. Qual o valor de um transplante de córnea no Brasil?

 

O custo de um transplante de córnea no Brasil varia conforme diversos fatores, incluindo a região, a clínica e o tipo de procedimento. Em clínicas particulares, os valores podem oscilar entre R$ 10.000 e R$ 20.000.  No entanto, é possível realizar o procedimento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), embora haja uma fila de espera que pode variar de acordo com o estado.

 

  1. Como funciona a fila de espera e doação de córneas?

A doação de córneas é um processo regulamentado que depende da autorização familiar após o óbito do doador. As córneas são removidas em até 6 horas após a morte e encaminhadas a um banco de olhos, onde são avaliadas e processadas para o transplante.

 

A fila de espera para o transplante de córnea é organizada pelo sistema de saúde, geralmente por critérios clínicos e tempo de espera. Em muitos países, há escassez de córneas, com estimativas globais indicando que apenas uma de cada 70 pessoas que necessitam do transplante tem acesso ao tecido doador. Estratégias como o uso de diferentes técnicas (DALK e DMEK em dois pacientes com uma mesma córnea) e o aprimoramento das técnicas de conservação ajudam a mitigar esse problema.

 

A doação de córneas no Brasil é coordenada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A fila de espera é organizada por estado e prioriza os pacientes conforme critérios clínicos e o tempo de espera. A doação só é possível após o falecimento do doador, com autorização da família. Campanhas de conscientização têm sido fundamentais para aumentar o número de doações e reduzir o tempo de espera.

 

  1. Conclusão

O transplante de córnea é um procedimento essencial para restaurar a visão de pacientes com doenças corneanas. As técnicas modernas, como a DALK e a DMEK, têm permitido resultados superiores em termos de segurança, reabilitação visual e preservação tecidual. A escolha da técnica deve ser individualizada, considerando a patologia corneana, o perfil do paciente e os recursos disponíveis.

 

Apesar dos avanços, ainda há desafios, como a escassez de doadores, barreiras de acesso ao tratamento em algumas regiões e a necessidade de mais profissionais capacitados. A otimização dos recursos disponíveis, o incentivo à doação e o contínuo aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas são caminhos para ampliar o acesso e melhorar os resultados.

 

A oftalmologia moderna conta com ferramentas avançadas para oferecer aos pacientes a possibilidade de recuperar a visão e retomar suas atividades com qualidade. O transplante de córnea, nesse contexto, é um exemplo claro de como o progresso médico pode transformar vidas.

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
Saiba mais em aronguimaraes.com.br

 

Perguntas sobre o tema:

 

  1. O que é o transplante de córnea?

É um procedimento cirúrgico em que a córnea danificada ou doente é substituída por uma córnea saudável de um doador falecido.

 

  1. Quais são os tipos de transplante de córnea?

Existem três principais: ceratoplastia penetrante (PK), ceratoplastia endotelial (DMEK/DSAEK) e ceratoplastia lamelar anterior profunda (DALK).

 

  1. Quais doenças levam à necessidade do transplante?

Ceratocone, distrofia de Fuchs, ceratopatia bolhosa, cicatrizes corneanas, falência de transplante anterior e algumas infecções graves.

 

  1. Como é feita a cirurgia de transplante de córnea?

O cirurgião remove a parte danificada da córnea e a substitui por uma córnea saudável de doador, utilizando microscópio cirúrgico e técnicas microcirúrgicas.

 

  1. A cirurgia dói?

Não. É feita sob anestesia local ou geral. O paciente não sente dor durante o procedimento.

 

  1. Qual é o tempo médio da cirurgia?

Entre 30 minutos e 1h30, dependendo da técnica usada.

 

  1. Quanto tempo leva para a visão melhorar após o transplante?

Depende da técnica. Na DMEK/DSAEK, em poucas semanas. Na PK, pode levar até 12 meses.

 

  1. Quais são os principais riscos do transplante de córnea?

Rejeição do enxerto, infecção, glaucoma, astigmatismo e descolamento do botão corneano.

 

  1. Como saber se o corpo está rejeitando o enxerto?

Sintomas incluem dor, vermelhidão, fotofobia e piora súbita da visão. Deve-se procurar o oftalmologista imediatamente.

 

  1. A rejeição tem tratamento?

Sim. O uso de colírios corticoides e, em alguns casos, medicações sistêmicas pode controlar o processo.

 

  1. A córnea transplantada dura a vida toda?

Em muitos casos, sim. Mas a durabilidade depende da técnica, da doença original e da adesão ao acompanhamento.

 

  1. Posso doar minha córnea em vida?

Não. Apenas córneas de doadores falecidos são utilizadas.

 

  1. Quanto custa um transplante de córnea?

No setor privado, entre R$ 10.000 e R$ 15.000. Pelo SUS, é gratuito.

 

  1. Existe fila de espera para receber córnea?

Sim. A fila é regulada pelo Sistema Nacional de Transplantes, por estado e por critérios clínicos.

 

  1. Quanto tempo é a fila de espera?

Pode variar. Em 2024, a média nacional era de 194 dias.

 

  1. Posso usar óculos ou lentes após o transplante?

Sim. Muitas vezes são necessários para melhorar a acuidade visual.

 

  1. Após quanto tempo posso voltar a trabalhar?

Geralmente após 2 a 4 semanas, dependendo da atividade profissional.

 

  1. Quanto tempo devo esperar para dirigir novamente?

A maioria pode voltar a dirigir entre 1 e 3 meses, após liberação médica.

 

  1. Quando posso voltar a praticar exercícios físicos?

Exercícios leves: 2 a 3 semanas. Intensos: 2 a 3 meses. Esportes de contato: mínimo 6 meses.

 

  1. Pode-se operar os dois olhos ao mesmo tempo?

Não é o habitual. Costuma-se aguardar a recuperação de um olho antes de operar o outro.

 

  1. Como evitar a rejeição do enxerto?

Seguindo rigorosamente o uso dos colírios, evitando traumas, infecções e comparecendo às consultas.

 

  1. Crianças também podem fazer transplante de córnea?

Sim. Há indicações específicas, como opacidades congênitas ou cicatrizes graves.

 

  1. Existe idade máxima para realizar o transplante?

Não há uma idade limite, mas a indicação depende das condições de saúde ocular e geral do paciente.

 

  1. É possível melhorar a estética dos olhos com o transplante?

O foco é funcional (visão), mas casos com opacidades podem ter melhora estética secundária.

 

  1. Como incentivar a doação de córneas?

Conversando com a família, registrando a vontade de doar e divulgando a importância desse gesto.

 

Referências

 

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  8. MCCOLGAN, Karen. Corneal transplant surgery. Optometry in Practice, v. 19, n. 2, p. 51–58, 2009.

 

 

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