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Lente multifocal de catarata pra quem já fez refrativa (LASIK)

olho segurando óculos

Lente intraocular Multifocal após Cirurgia Refrativa: É Possível Operar Catarata com Lente Multifocal Depois do LASIK?

 

Pacientes que fizeram cirurgia refrativa como o LASIK podem, sim, realizar a cirurgia de catarata com implante de lentes intraoculares multifocais. No entanto, o planejamento deve ser mais cuidadoso, com uso de fórmulas específicas para o cálculo da lente ideal.

Estudos mostram que, com seleção adequada, essas lentes oferecem bons resultados visuais e alta independência dos óculos. Ainda assim, há riscos aumentados de aberrações ópticas e sintomas como halos e glare, que exigem avaliação criteriosa do oftalmologista.

 

  1. O que é a catarata? Pacientes que fizeram cirurgia refrativa podem operar de catarata normalmente?

A catarata é uma condição oftalmológica comum que afeta principalmente pessoas acima dos 60 anos, embora possa surgir mais cedo devido a fatores genéticos, traumas, uso de medicamentos como corticosteroides, doenças sistêmicas (como diabetes) e, em alguns casos, após procedimentos oculares anteriores. A principal característica da catarata é a opacificação progressiva do cristalino, a lente natural do olho, que compromete a transparência e a focalização da luz sobre a retina. Com isso, o paciente passa a perceber sintomas como visão embaçada, sensação de neblina constante, ofuscamento com luzes fortes, dificuldade para ler ou dirigir à noite e percepção alterada das cores.

 

Com o envelhecimento populacional e o avanço da medicina, muitos pacientes que no passado realizaram cirurgia refrativa, como LASIK, PRK ou SMILE, estão agora chegando à idade em que a catarata se torna prevalente. A boa notícia é que, sim, pacientes que fizeram cirurgia refrativa podem operar catarata normalmente. No entanto, a cirurgia nesses casos requer uma abordagem personalizada e altamente especializada.

 

As alterações induzidas na córnea pela cirurgia refrativa mudam o formato e a curvatura da superfície anterior do olho. Isso interfere diretamente nos cálculos do grau da lente intraocular a ser implantada durante a cirurgia de catarata. Por isso, o planejamento cirúrgico deve incluir equipamentos modernos e fórmulas específicas, como a Barrett True-K e a Haigis-L, que consideram essas alterações para oferecer maior precisão.

Além disso, pacientes pós-refrativos, por já terem desfrutado de boa visão sem óculos no passado, costumam ter altas expectativas quanto à recuperação da independência visual. Isso torna ainda mais importante o diálogo entre médico e paciente sobre as possibilidades reais de resultado visual, os riscos e os benefícios de cada tipo de lente intraocular.

 

  1. Quais os melhores modelos de lente intraocular para se colocar num paciente que já fez LASIK?

A escolha da lente intraocular (LIO) ideal em pacientes que já passaram por cirurgia refrativa é um dos pontos mais cruciais para o sucesso da cirurgia de catarata. As principais opções de lentes incluem as monofocais, as multifocais (bifocais ou trifocais), as de foco estendido (EDOF – Extended Depth of Focus) e as acomodativas. Cada uma dessas lentes tem características distintas e, em olhos já operados com LASIK, a seleção exige uma análise cuidadosa do histórico refrativo e das condições atuais da córnea.

Em geral, lentes multifocais e EDOF têm ganhado espaço por oferecerem múltiplos pontos focais, permitindo boa visão para longe, intermediário e perto. No entanto, a presença de aberrações induzidas pelo LASIK pode interferir na performance dessas lentes. Por isso, modelos com desenho asférico e aberração esférica neutra ou positiva são os mais indicados para quem fez hipermetropia LASIK, enquanto lentes com aberração esférica negativa são mais compatíveis com olhos pós-miopia LASIK.

 

Entre os modelos mais recomendados destacam-se:

  • Rayner RayOne Trifocal: lente trifocal com aberração esférica neutra, boa performance em visão intermediária e alta satisfação do paciente.
  • Tecnis Symfony (Johnson & Johnson): lente EDOF com correção de aberração cromática, ideal para pacientes com irregularidades corneanas leves.
  • FineVision Pod-F (PhysIOL): trifocal com SA negativa, desempenho interessante em olhos com SA positiva residual.
  • PanOptix (Alcon): trifocal de uso popular, embora alguns estudos indiquem maior sensibilidade a halos e glare em pós-refrativos.

 

Além do tipo de lente, a escolha deve considerar outros fatores como qualidade da lágrima, estabilidade da refração, tamanho da pupila e ângulo kappa. Lentes ajustáveis no pós-operatório, como a Light Adjustable Lens (LAL), representam uma promessa futura, principalmente para pacientes refrativos exigentes, pois permitem ajustes finos após a cirurgia.

lentes intraoculares
Imagem Ilustrativa: Formatos de algumas lentes intraoculares
  1. Implantar uma lente multifocal nesses casos é uma boa ideia?

Sim, desde que sejam observados alguns critérios essenciais. A literatura científica recente tem demonstrado que, em pacientes bem selecionados, a implantação de lentes multifocais após cirurgia refrativa pode trazer resultados visuais satisfatórios e altos índices de independência dos óculos.

 

Um ponto importante é entender o perfil do paciente. Aqueles que desejam liberdade visual para todas as distâncias, que têm córneas regulares e estabilidade refrativa, são candidatos ideais para multifocais. O paciente também deve estar disposto a aceitar algum grau de adaptação neural, lidar com possíveis fenômenos fotópicos como halos ou glare, e compreender que o resultado refrativo pode não ser absolutamente perfeito, ainda que muito funcional.

 

Pesquisas mostram que, mesmo em olhos pós-LASIK, a acuidade visual para longe e perto após implantação de LIOs trifocais pode ser excelente, com mais de 90% dos pacientes alcançando boa visão sem necessidade de óculos. A satisfação também é elevada, especialmente quando há um bom alinhamento entre expectativas e realidade clínica.

 

Modelos trifocais têm se mostrado superiores aos bifocais no quesito visão intermediária, crucial para atividades como uso de computador e leitura de tela de celular. O modelo AT LISA tri 839MP, por exemplo, tem demonstrado resultados promissores em diferentes estudos, inclusive com pacientes pós-LASIK.

Por outro lado, para pacientes com córneas mais irregulares, aberrações elevadas ou distúrbios de superfície ocular, pode ser preferível optar por lentes EDOF, que tendem a oferecer menos sintomas visuais indesejados.

 

  1. Pode haver problemas no implante dessas lentes? Quais?

Apesar dos avanços tecnológicos, a cirurgia de catarata com implante de lente multifocal em olhos que já passaram por LASIK apresenta desafios específicos. Entre os principais riscos e limitações estão:

 

  • Cálculo incorreto do grau da LIO: Um dos maiores obstáculos é a precisão na biometria. As fórmulas tradicionais tendem a superestimar ou subestimar o poder da lente. Atualmente, o uso de fórmulas como Barrett True-K e Haigis-L tem aumentado a acurácia, mas estudos mostram que erros de até 1 dioptria ainda ocorrem em uma proporção relevante de casos. Isso pode comprometer a qualidade visual e exigir reintervenções, como lentes piggyback ou cirurgias adicionais de correção.
  • Aumento das aberrações ópticas: O LASIK pode induzir alterações na superfície da córnea que persistem por toda a vida do paciente. Essas alterações aumentam as chamadas aberrações de alta ordem (HOAs), que afetam diretamente a nitidez da imagem e a percepção visual. Lentes multifocais são mais sensíveis a essas aberrações, o que pode resultar em desconforto visual mesmo quando a acuidade está preservada.
  • Fenômenos fotópicos (halo, glare, starbursts): São comuns em lentes multifocais e podem ser exacerbados em pacientes com histórico de LASIK. Embora muitos se adaptem com o tempo, uma minoria significativa pode apresentar queixas persistentes, especialmente à noite.
  • Desconforto com resultados visuais: Mesmo com excelente visão medida em testes, alguns pacientes relatam baixa qualidade visual subjetiva, sensação de “visão suja” ou dificuldade em ambientes com pouca luz. Esse fenômeno está ligado à sensibilidade à luz e à redução do contraste, comuns em olhos multifocais pós-LASIK.

 

A boa notícia é que, com uma avaliação criteriosa e acompanhamento especializado, a maioria dessas complicações pode ser evitada ou minimizada. A seleção adequada da lente, o controle rigoroso do olho seco, a orientação clara sobre os riscos e a monitorização pós-operatória são medidas fundamentais para o sucesso.

 

  1. Conclusão

A cirurgia de catarata em pacientes que já passaram por LASIK é uma realidade crescente nos consultórios de oftalmologia. Esses pacientes, em geral, têm altos padrões visuais e desejam manter sua independência dos óculos, o que torna a opção por lentes multifocais uma alternativa atraente.

 

Contudo, o caminho para esse resultado exige conhecimento técnico, tecnologia de ponta e, principalmente, um diálogo transparente com o paciente. Não há solução única: cada caso precisa ser avaliado individualmente, considerando aspectos ópticos, anatômicos e subjetivos.

 

As evidências mostram que, quando bem indicadas, as lentes multifocais proporcionam ótimos resultados mesmo em olhos com histórico de cirurgia refrativa. A chave do sucesso está em alinhar expectativa e realidade, selecionar bem os candidatos e utilizar os recursos mais modernos para garantir previsibilidade e segurança ao procedimento.

Se você ou alguém próximo já fez LASIK e agora precisa operar catarata, procure um oftalmologista com experiência nesse tipo de caso. O planejamento cirúrgico adequado pode devolver uma visão de qualidade, com conforto e independência visual para as atividades do dia a dia.

 

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
Saiba mais em aronguimaraes.com.br

 

Perguntas sobre o tema:

 

Meu pai fez LASIK há uns 20 anos. Ele pode colocar lente multifocal agora que vai operar catarata?

Sim, ele pode. Com os cálculos certos e uma boa avaliação, pacientes que fizeram LASIK anteriormente podem receber lentes multifocais com excelentes resultados visuais.

 

Será que vou precisar usar óculos depois da cirurgia com lente multifocal. É verdade que não precisa mais?

Na maioria dos casos, os pacientes ficam independentes dos óculos para atividades do dia a dia. Mas pode haver necessidade ocasional de óculos para leitura prolongada ou em ambientes com pouca luz.

 

Minha esposa está preocupada com os riscos. A lente multifocal pode dar algum problema por ela ter feito LASIK antes?

Existe maior chance de erros no cálculo do grau e sintomas como halos ou glare, mas com avaliação criteriosa, esses riscos são bastante reduzidos.

 

Meu irmão operou com LASIK e agora vai fazer a cirurgia de catarata. Como calculam o grau da lente dele se a córnea já foi modificada?

Usa-se fórmulas específicas, como Barrett True-K e Haigis-L, que levam em conta as alterações feitas pela cirurgia LASIK.

 

Fiz cirurgia de catarata com lente multifocal há uma semana. É normal ainda ver luzes em volta dos faróis à noite?

Sim, esses halos são comuns no início e costumam diminuir com o tempo, à medida que o cérebro se adapta à nova lente.

 

Existe alguma lente específica de catarata para quem já fez cirurgia refrativa de LASIK?

Sim, há lentes mais indicadas, como as com aberração esférica neutra ou positiva, que oferecem melhor desempenho nesse perfil de paciente.

 

Meu sogro tem astigmatismo. Ele pode colocar lente multifocal mesmo assim?

Pode sim. Existem lentes multifocais tóricas que corrigem o astigmatismo ao mesmo tempo em que oferecem visão para várias distâncias.

 

Meu pai é diabético e vai operar a catarata. Ele pode usar lente multifocal?

Depende do estado da retina e do controle da glicemia. Em muitos casos é possível, mas é necessário um exame oftalmológico detalhado.

 

Quais os cuidados depois da cirurgia com lente multifocal?

Usar os colírios corretamente, evitar esforços nas primeiras semanas, proteger os olhos do sol e seguir todas as recomendações do médico nas consultas de retorno.

 

Eu sou míope e fiz LASIK. Agora vou operar a catarata. A lente multifocal corrige tudo de uma vez?

Sim, ela pode corrigir miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, proporcionando visão para longe, perto e intermediário.

 

Meu avô não está se adaptando à lente multifocal. É possível trocar por outra?

É possível sim, embora raro. Isso depende de uma avaliação detalhada, pois a troca envolve uma nova cirurgia e riscos que precisam ser analisados com cuidado.

 

Fiz a cirurgia com laser. Isso muda algo na lente ou nos resultados?

O uso do laser na cirurgia de catarata pode aumentar a precisão de algumas etapas, mas a escolha da lente e o resultado dependem de vários outros fatores também.

 

Minha mãe operou e já enxerga bem, mas ainda não está 100%. Isso é normal?

Sim. A maioria dos pacientes melhora bastante na primeira semana, mas a estabilização completa da visão pode levar algumas semanas.

 

Meu tio está com medo de dirigir à noite depois da lente multifocal. Isso é seguro?

É seguro na maioria dos casos. Alguns pacientes percebem halos nas luzes no começo, mas geralmente se adaptam com o tempo.

 

A lente multifocal precisa ser trocada no futuro?

Não. Essas lentes são permanentes e projetadas para durar a vida toda. Em alguns casos, pode ser necessário um tratamento com laser se ocorrer opacificação da cápsula posterior.

 

 

Referências

 

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