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Como o diabetes pode afetar o olho?
O diabetes é uma doença crônica que, quando mal controlada, afeta diversos órgãos do corpo, inclusive os olhos. Uma das principais complicações oculares é a retinopatia diabética, uma alteração nos vasos sanguíneos da retina causada pelos níveis elevados e persistentes de glicose no sangue.
Com o tempo, esses vasos se tornam frágeis, podem vazar fluído, causar hemorragias, edema e, nos casos mais graves, levar à cegueira. O risco aumenta conforme a duração do diabetes e a presença de outros fatores metabólicos descontrolados.
A retina é uma região extremamente sensível do olho, essencial para a formação das imagens que enxergamos. Ela depende de uma rede complexa de vasos sanguíneos para suprir suas necessidades de oxigênio e nutrientes. A hiperglicemia mantida por longos períodos altera a estrutura dessas veias e artérias, favorecendo o entupimento, a ruptura e o crescimento de vasos anormais (neovasos), características da fase proliferativa da retinopatia diabética.
O estágio inicial da doença, chamado de retinopatia não proliferativa, pode ser silencioso e sem sintomas, o que reforça a importância das consultas oftalmológicas regulares para o rastreamento precoce. Conforme a doença progride, surgem alterações mais graves como o edema macular diabético, que afeta a região central da visão e pode comprometer de forma irreversível a capacidade de enxergar detalhes.

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Como saber que tenho Diabetes?
Medir a glicemia é importante porque permite avaliar os níveis de açúcar no sangue, o que é essencial para o diagnóstico e controle do diabetes, além de ajudar na identificação do pré-diabetes e na prevenção de complicações associadas a níveis alterados de glicose. Acompanhar a glicemia também é útil para ajustar tratamentos, avaliar a eficácia de medicamentos e evitar episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia, que podem causar sérios problemas de saúde.

Existem diferentes exames para medir a glicemia, sendo o mais comum a glicemia em jejum, que exige jejum de 8 a 12 horas e serve para avaliar a glicose basal. Para esse exame, é importante evitar esforço físico e o consumo de álcool antes da coleta.
Já a glicemia pós-prandial mede a glicose duas horas após o início de uma refeição normal, sendo necessário cronometrar esse intervalo com precisão.
O teste de tolerância à glicose oral (TOTG) é outro exame importante, feito após jejum, onde o paciente ingere uma solução com 75 gramas de glicose e tem a glicemia medida após duas horas, sendo indicado especialmente para diagnóstico de diabetes e alterações no metabolismo da glicose.
Para confirmar o Diabetes precisamos de um dos seguintes abaixo:
- Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dL
Deve ser confirmada em um segundo exame feito em outro dia, se a pessoa estiver sem sintomas.
- Glicemia 2 horas após o TOTG (teste oral de tolerância à glicose) ≥ 200 mg/dL
A pessoa ingere uma solução com 75g de glicose e mede-se a glicemia após duas horas. Um valor igual ou acima de 200 mg/dL confirma o diagnóstico.
- Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5%
Esse exame reflete a média da glicose nos últimos 2 a 3 meses. Para confirmar o diagnóstico, o exame também deve ser repetido, a não ser que haja sintomas típicos.
- Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL com sintomas clássicos de diabetes
Nesse caso, se a pessoa apresenta sintomas como muita sede, urina frequente, perda de peso inexplicada, fome excessiva ou visão turva, o diagnóstico pode ser fechado sem precisar repetir o exame.
Se um desses exames estiver alterado, mas a pessoa não tiver sintomas, é recomendável repetir o mesmo teste ou fazer outro diferente (como HbA1c + glicemia em jejum) para confirmar.
A glicemia capilar, feita com o uso de glicosímetro, é comum no acompanhamento diário de pessoas com diabetes e deve ser realizada com as mãos limpas e conforme orientação médica, respeitando os horários definidos.
Por que é importante medir a hemoglobina glicada?
A hemoglobina glicada (HbA1c) reflete a média da glicemia nos últimos 2 a 3 meses. Esse exame é essencial para avaliar o controle glicêmico de forma mais ampla do que a simples glicemia de jejum. Segundo uma meta-análise recente publicada em 2025, níveis elevados de HbA1c estão fortemente associados ao aumento do risco de retinopatia diabética, com um risco mais que dobrado nos pacientes com mal controle glicêmico.
Essa associação se deve ao fato de que a hiperglicemia prolongada promove inflamação, estresse oxidativo e dano microvascular na retina. As células endoteliais que revestem os vasos são especialmente vulneráveis à glicose elevada, levando à disfunção da barreira hematorretiniana e à extravasamento de fluídos. Por isso, manter a HbA1c dentro da meta (geralmente abaixo de 7%) é fundamental para prevenir a progressão da doença ocular.
Além disso, o exame é prático, pode ser feito em qualquer horário do dia e permite um acompanhamento eficaz ao longo do tempo. Valores persistentemente elevados sinalizam maior risco de complicações não apenas oculares, mas também renais, neurológicas e cardiovasculares.
Quais outros parâmetros influenciam a retinopatia diabética?
Embora a glicemia seja o fator mais conhecido, outros elementos também têm papel importante. Os triglicérides elevados e a hipertensão arterial são dois componentes da síndrome metabólica que estão ligados à maior ocorrência de retinopatia diabética. O estudo de Alarbash et al. identificou uma associação positiva entre triglicérides altos e risco de retinopatia, mesmo que o efeito isolado tenha sido moderado. Já a hipertensão, apesar de ter uma associação menos consistente, está presente em muitos pacientes com retinopatia e contribui para o dano vascular na retina.
Por outro lado, a literatura mais ampla sobre síndrome metabólica reforça que a inflamação crônica de baixo grau, dislipidemia e resistência à insulina desempenham papéis sinérgicos na progressão das doenças oculares, inclusive da retinopatia.
Portanto, o controle do perfil lipídico e da pressão arterial é tão essencial quanto o da glicemia.
A inflamação sistêmica, que está na base da síndrome metabólica, está associada à produção de citocinas inflamatórias como IL-6 e TNF-α, que promovem alterações vasculares e ativam mecanismos de apoptose (morte celular programada) nas células da retina. Esses processos aceleram o dano à visão e têm sido alvo de diversas linhas de pesquisa.
Outros fatores de risco que devem ser observados incluem a duração do diabetes (quanto mais tempo de doença, maior o risco), o sedentarismo, tabagismo, disfunção renal, e história familiar de doenças vasculares. Uma abordagem integrada, multidisciplinar, é necessária para garantir o controle metabólico completo.
Quais outros problemas oculares a alteração da glicemia pode causar?
A hiperglicemia crônica pode desencadear diversas outras complicações oculares além da retinopatia. Uma delas é o edema macular diabético, caracterizado pelo acúmulo de líquido na mácula, região central da retina responsável pela visão de detalhes. Essa condição é uma das principais causas de perda visual em pacientes com diabetes.
Outra complicação comum é a catarata, que tende a surgir de forma precoce em pacientes diabéticos. A glicose elevada altera o metabolismo do cristalino, levando à formação de opacidades que comprometem a visão.
Além disso, o glaucoma, especialmente o tipo de ângulo aberto, tem incidência aumentada em pessoas com diabetes devido às alterações vasculares e ao aumento da pressão intraocular.
A síndrome do olho seco também é mais prevalente entre diabéticos, sendo agravada pela neuropatia que afeta a produção lacrimal e pelo ambiente inflamatório sistêmico. Esses pacientes relatam ardência, sensação de areia nos olhos e visão borrada, sintomas que afetam significativamente a qualidade de vida.
Portanto, o acompanhamento oftalmológico não deve focar apenas na retinopatia, mas considerar todo o espectro de complicações visuais associadas ao diabetes.
Figura 1: Conexões entre a síndrome metabólica (Mets) e distúrbios oculares, destacando os principais mediadores celulares e moleculares e a área do olho afetada. Retinopatia diabética, catarata, síndrome do olho seco, degeneração macular relacionada à idade (AMD) e glaucoma são relacionadas com a síndrome metabólica. Fonte: PIEŃCZYKOWSKA, Kamila; BRYL, Anna; MRUGACZ, Małgorzata. Link Between Metabolic Syndrome, Inflammation, and Eye Diseases. International Journal of Molecular Sciences, [S. l.], v. 26, n. 5, p. 2174, 2025.
Controlando a glicemia, a retinopatia diabética regride?
O controle glicêmico rigoroso é uma das medidas mais eficazes para retardar ou estabilizar a retinopatia diabética. Diversos estudos mostram que a redução da HbA1c está associada a menor risco de progressão da doença e de necessidade de intervenções invasivas.
No entanto, em estágios mais avançados da doença, somente o controle da glicemia pode não ser suficiente para reverter as lesões. Nesses casos, pode ser necessário tratamento oftalmológico específico, como aplicações de anti-VEGF, laser ou mesmo cirurgias.
Apesar disso, há esperança. Em fases iniciais, a retinopatia pode regredir com o controle intensivo dos fatores de risco. Estudos com pacientes que conseguiram manter a HbA1c próxima de 6,5% por períodos prolongados mostram melhora da permeabilidade vascular e redução das micro-hemorragias na retina. Além disso, medicamentos como o fenofibrato têm mostrado efeitos benéficos adicionais na prevenção da progressão da retinopatia.
A pressão arterial também desempenha papel fundamental: reduções modestas na pressão sistólica já demonstraram impacto positivo na evolução da retinopatia e na prevenção do edema macular diabético. Já o controle dos lipídios, em especial dos triglicérides, ajuda a preservar a integridade dos vasos retinianos, especialmente em mulheres com síndrome metabólica.
Retinopatia Diabética e Depressão: Existe uma Associação?
A diabetes é uma doença crônica que, ao longo do tempo, pode afetar diversos órgãos do corpo. Uma das complicações mais temidas é a retinopatia diabética, uma doença ocular que pode levar à perda da visão se não for tratada adequadamente. No entanto, cada vez mais estudos vêm mostrando que os impactos da retinopatia vão além da visão: ela também pode afetar a saúde emocional do paciente. Mas, afinal, quem tem retinopatia diabética tem maior chance de desenvolver depressão?
A retinopatia diabética é uma complicação nos olhos causada pela diabetes, caracterizada por alterações nos vasos sanguíneos da retina, que é a parte do olho responsável por captar as imagens. Existem estágios diferentes da doença, desde formas iniciais, assintomáticas, até quadros mais graves, como a retinopatia proliferativa, que pode causar sangramentos e descolamento da retina.
A relação entre visão e emoção
Estudos mostram que a perda visual pode ter um forte impacto na qualidade de vida, afetando a autonomia, as relações sociais e a autoestima do paciente. Não é raro que pessoas com doenças oculares sérias sintam tristeza, medo e ansiedade diante da possibilidade de perderem a visão. Isso levanta a hipótese de que exista uma ligação entre a gravidade da retinopatia diabética e sintomas de transtornos mentais, como a depressão.
Estudo aponta: casos graves têm maior risco de depressão
Uma pesquisa publicada na revista JAMA Ophthalmology analisou mais de 500 pacientes com diabetes e investigou se havia associação entre o grau da retinopatia diabética e sintomas de ansiedade e depressão. Os resultados foram reveladores: pacientes com retinopatia grave (formas proliferativas ou não proliferativas severas) apresentaram maior incidência de sintomas depressivos, mesmo quando considerados outros fatores como a acuidade visual e histórico médico.
Curiosamente, a presença de edema macular diabético, outro tipo de complicação ocular, não foi associada a maior risco de depressão. Além disso, não foi encontrada ligação significativa entre retinopatia diabética e sintomas de ansiedade. Isso reforça a ideia de que é a gravidade da retinopatia e não apenas a perda visual que pode influenciar na saúde mental.
Por que essa associação importa?
Entender que a retinopatia diabética não afeta apenas os olhos, mas também o bem-estar emocional, é essencial para o cuidado integral do paciente com diabetes. Quando diagnosticamos um caso avançado da doença, é importante estar atento também a sinais de sofrimento psíquico. Tristeza persistente, falta de interesse em atividades do dia a dia, alterações no sono e no apetite podem ser indícios de depressão e devem ser abordados com empatia e encaminhamento adequado.
Cuidar dos olhos é cuidar da mente
A mensagem que fica é clara: a retinopatia diabética pode sim estar relacionada a transtornos como a depressão, especialmente em suas formas mais graves. Isso significa que o acompanhamento oftalmológico regular, aliado ao suporte emocional, pode fazer toda a diferença na vida dessas pessoas. Se você tem diabetes, cuide da sua visão e não hesite em conversar com seu médico sobre como você tem se sentido. Sua saúde mental também merece atenção
Tratamentos Futuros para o Diabetes e a Retinopatia Diabética: O Que Vem Por Aí?
A retinopatia diabética é uma das complicações mais temidas do diabetes, sendo uma das principais causas de perda de visão em adultos em idade produtiva. Apesar dos avanços significativos nas terapias atuais, muitos pacientes ainda enfrentam dificuldades com os tratamentos disponíveis, que muitas vezes exigem injeções frequentes nos olhos ou têm efeitos colaterais importantes. Mas há boas notícias no horizonte: a ciência está avançando rapidamente, e novas abordagens terapêuticas estão sendo desenvolvidas para mudar o rumo do tratamento do diabetes e da retinopatia diabética.
O Cenário Atual: Limitações das Terapias Tradicionais
Atualmente, os principais tratamentos incluem injeções intraoculares de medicamentos anti-VEGF, cirurgia vitreorretiniana e fotocoagulação a laser.
Embora eficazes, esses tratamentos são invasivos, caros e exigem visitas frequentes ao consultório. Além disso, muitos pacientes não respondem completamente às terapias, o que cria um espaço significativo para a inovação.
Avanços Promissores no Tratamento da Retinopatia Diabética
Entre as abordagens mais promissoras estão:
- Terapias gênicas e com células-tronco: Pesquisas recentes exploram o uso de terapias baseadas em CRISPR e na transferência de genes para controlar a angiogênese patológica. Além disso, células-tronco estão sendo estudadas para regenerar tecidos danificados da retina, com resultados promissores em modelos animais e ensaios clínicos iniciais.
- Terapias com novos alvos moleculares: Inibidores de RIP1 kinase, SGLT2 e outras vias inflamatórias estão sendo investigados para reduzir o dano vascular e prevenir a progressão da doença. O medicamento Faricimabe, por exemplo, é um anticorpo biespecífico que atua simultaneamente nas vias VEGF e Angiopoietina-2, com potencial para espaçar as aplicações e aumentar a eficácia.
- Uso de tecnologias digitais e IA: Plataformas de telemedicina, aplicativos de monitoramento e sistemas de diagnóstico com inteligência artificial já estão sendo usados para rastrear e monitorar a retinopatia com mais eficiência. Isso pode transformar o acesso ao cuidado, especialmente em regiões remotas.
- Abordagens preventivas personalizadas: O uso de aplicativos de saúde, dispositivos vestíveis e análises genômicas e metabolômicas está permitindo uma prevenção mais eficaz da doença, com planos individualizados de dieta, atividade física e medicamentos.
- Moléculas naturais e suplementos: Compostos como o resveratrol e o ômega-3 (DHA) estão sendo investigados por seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios na retina. Estudos recentes mostram melhora na estrutura e função da retina em modelos animais e humanos.
Figura 2: Evolução e projeções futuras da retinopatia diabética. Este diagrama destaca a progressão da retinopatia diabética ao longo dos anos e ressalta a necessidade crítica de abordagens estratégicas para a prevenção e o manejo, em resposta ao aumento projetado no número de pessoas com diabetes. Fonte: PEI, Xiaoting; LI, Zhijie. Narrative review of comprehensive management strategies for diabetic retinopathy: interdisciplinary approaches and future perspectives. BMJ Public Health, [S. l.], v. 3, e001353, 2025.
O futuro do tratamento da retinopatia diabética aponta para terapias mais personalizadas, menos invasivas e mais eficazes. A integração entre medicina de precisão, tecnologias digitais e novas moléculas promete mudar drasticamente a forma como tratamos e prevenimos a doença.
Para os pacientes, isso representa mais conforto, menos visitas ao médico, tratamentos mais eficazes e, principalmente, mais qualidade de vida.
Leia também: Pacientes com diabetes podem operar catarata?
FONTES:
- PEI, Xiaoting; LI, Zhijie. Narrative review of comprehensive management strategies for diabetic retinopathy: interdisciplinary approaches and future perspectives. BMJ Public Health, [S. l.], v. 3, e001353, 2025.
- REES, Gwyneth et al. Association between diabetes-related eye complications and symptoms of anxiety and depression. JAMA Ophthalmology, [S. l.], online 7 jul. 2016.
- SEO, Hyewon; PARK, Sun-Ji; SONG, Minsoo. Diabetic Retinopathy (DR): Mechanisms, Current Therapies, and Emerging Strategies. Cells, [S. l.], v. 14, n. 5, p. 376, 2025.
- PIEŃCZYKOWSKA, Kamila; BRYL, Anna; MRUGACZ, Małgorzata. Link Between Metabolic Syndrome, Inflammation, and Eye Diseases. International Journal of Molecular Sciences, [S. l.], v. 26, n. 5, p. 2174, 2025.
- ALARBASH, Ali H. et al. The Contributions of Glycated Hemoglobin (HbA1c), Triglycerides, and Hypertension to Diabetic Retinopathy: Insights From a Meta-Analysis. Cureus, [S. l.], v. 17, n. 2, e79066, 2025.
Abaixo perguntas que recebemos de pacientes sobre retinopatia diabética:
Tenho diabetes tipo 2 há 15 anos e recentemente senti visão embaçada, principalmente à noite. Isso pode ser retinopatia diabética? Resposta: Sim, esses sintomas podem estar relacionados à retinopatia diabética, especialmente se o controle glicêmico estiver irregular. A visão embaçada pode ser causada por edema macular ou hemorragias na retina. É fundamental realizar um exame de fundo de olho com um oftalmologista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.
Minha mãe tem diabetes e nunca fez exame dos olhos. Qual exame é o mais indicado para saber se ela tem retinopatia diabética? Resposta: O exame mais comum é a fundoscopia, feita pelo oftalmologista, que observa diretamente o fundo do olho. Outros exames complementares, como a retinografia colorida e a tomografia de coerência óptica (OCT), ajudam a identificar alterações como microaneurismas, exsudatos e edema macular. A triagem anual é recomendada mesmo que a visão esteja normal.
Já faço tratamento com injeções nos olhos (Lucentis) há alguns meses. Existe previsão de quando poderei parar com as injeções? Resposta: O número de aplicações varia conforme a resposta individual. Algumas pessoas necessitam apenas de algumas injeções, enquanto outras precisam de tratamento prolongado. Monitoramos a resposta por meio de exames como a OCT. Se os sinais de edema ou neovascularização desaparecerem e se mantiverem estáveis, podemos espaçar ou suspender temporariamente as aplicações, com acompanhamento rigoroso.
A retinopatia diabética pode afetar o humor ou causar depressão em quem perde parte da visão? Resposta: Sim. Estudos mostram que pessoas com perda visual significativa devido à retinopatia têm mais risco de desenvolver depressão e ansiedade. A perda da independência, medo de cegueira e dificuldade nas atividades diárias impactam a saúde emocional. É importante abordar essas questões e, se necessário, encaminhar para apoio psicológico.
Tenho mantido meu diabetes sob controle, mas mesmo assim fui diagnosticado com retinopatia. Por quê? Resposta: Embora o controle glicêmico seja essencial, há outros fatores que contribuem para o surgimento da retinopatia: pressão arterial alta, colesterol elevado, tempo de diagnóstico do diabetes, e até predisposição genética. Existe também o fenômeno chamado “memória metabólica”, no qual danos causados por hiperglicemia no passado continuam afetando os vasos da retina mesmo após a glicemia estar controlada.
Quais são os estágios da retinopatia diabética e em qual ponto há risco real de cegueira? Resposta: A doença evolui em estágios. Inicialmente temos a retinopatia não proliferativa leve, moderada e grave, que pode não apresentar sintomas. O estágio mais grave é a retinopatia proliferativa, onde surgem vasos anormais que podem romper e causar hemorragias, descolamento da retina e perda severa da visão. O risco real de cegueira começa principalmente a partir do estágio proliferativo ou com a presença de edema macular diabético, que pode ocorrer em qualquer fase.
Existe algum risco em aplicar tantas injeções intraoculares no olho? Isso pode causar algum problema a longo prazo? Resposta: As injeções intraoculares de anti-VEGF são geralmente seguras, mas como qualquer procedimento, têm riscos, como infecção (endoftalmite), aumento da pressão intraocular e desconforto ocular. A longo prazo, acompanhamos cuidadosamente para evitar complicações. A relação risco-benefício é favorável, especialmente quando há risco de perda visual.
Com o avanço da tecnologia, é possível detectar retinopatia diabética precocemente com inteligência artificial? Resposta: Sim. Atualmente já utilizamos inteligência artificial para analisar imagens da retina com alta precisão. Em muitos casos, esses sistemas detectam alterações antes mesmo de serem percebidas pelo olho humano. Em regiões com poucos especialistas, isso tem sido uma revolução no rastreamento e diagnóstico precoce.
O que posso fazer no meu dia a dia para reduzir o risco de retinopatia ou evitar que ela piore? Resposta: Manter a glicemia sob controle (HbA1c abaixo de 7%), controlar a pressão arterial, manter o colesterol em níveis adequados, praticar exercícios físicos, manter alimentação equilibrada e não fumar são medidas fundamentais. Além disso, o exame oftalmológico regular é essencial para detectar precocemente qualquer alteração na retina e iniciar tratamento antes da progressão.
Existe perspectiva de cura no futuro para a retinopatia diabética? Resposta: Pesquisas estão avançando muito. Hoje já estudamos terapias com células-tronco, terapia gênica e novas drogas de aplicação menos frequente. Além disso, o uso de telemedicina e dispositivos portáteis está melhorando o acesso ao diagnóstico. Embora ainda não tenhamos uma cura definitiva, estamos cada vez mais perto de tratamentos que evitem a progressão ou até revertam os danos em estágios iniciais.