O que é DMRI ?
A Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença que afeta a retina, mais especificamente a mácula. Alguns dos fatores de risco conhecidos são: Idade avançada, raça branca, história familiar da doença, catarata (nuclear), hipertensão arterial, tabagismo e obesidade.
No exame de fundo de olho (Mapeamento de retina) verifica-se depósito de material de conteúdo lipídico, as chamadas drusas. Elas se localizam entre a membrana basal do EPR e a mebrana de Bruch.
Tipos
Existem basicamente dois tipos:
1. DMRI seca ou atrófica
Neste tipo da doença ocorre atrofia da retina, com prejuízo da visão nas fases mais tardias da doença. É muito mais comum que o tipo exsudativo, aparecendo em 90% das vezes.
2. DMRI neovascular ou úmida ou exsudativa
Vasos sanguíneos defeituosos se formam na região abaixo da retina, chamada coroide, originando as membranas neovasculares que podem ser do TIPO 1, localizadas abaixo do EPR ou do tipo 2, localizadas em região subretiniana.
Tratamento
DMRI seca:
Educação: Atenção aos sintomas, uso diário da tela de Amsler: Tela geralmente de papel que consiste em um exame para avaliação da função da mácula. Deve-se observa-la à cerca de 30 cm e a mesma avalia cerca de 20 graus de ângulo visual.
Profilaxia com vitaminas: Baseado nos estudos AREDS. Não são todos os casos que apresentam benefícios.
Um artigo publicado em 2001 no Arch Ophthalmology (AREDS report number8) mostrou que pacientes com DMRI seca de categorias 3 ou 4 (Os estágios variam de 1 a 4 conforme maior grau de comprometimento pela doença) que fizeram uso de antioxidantes associado ao zinco tiveram uma redução significativa da chance de perder a visão quando comparados com pacientes que ingeriram apenas placebo.
Sabendo-se disso uma conduta atual é a de receitar formulações contendo antioxidantes e zinco a longo prazo,não com intuito de melhorar a visão, mas sim de evitar sua deteriorização.
DMRI exsudativa:
Atualmente o tratamento se baseia na aplicação de uma injeção intra-vítrea (no interior do globo ocular) de medicação anti-angiogênica (inibe a proliferação vascular). Na atualidade os medicamentos mais utilizados são: Lucentis e Eylea.
Podem ser necessárias diversas aplicações para controle da doença.
Separei algumas perguntas recebidas de pacientes:
1. Doutor, ultimamente estou enxergando embaçado e com manchas no centro da visão. Isso pode ser DMRI? O que exatamente é essa doença?
Sim, esses sintomas podem estar relacionados à Degeneração Macular Relacionada à Idade, ou DMRI. Essa é uma doença que afeta a mácula, uma parte muito importante da retina, responsável pela visão central, aquela que usamos para ler, reconhecer rostos e enxergar detalhes. Com o tempo, a DMRI pode causar distorções ou manchas escuras no centro da visão, dificultando atividades do dia a dia. Existem duas formas da doença: a seca (mais lenta e comum) e a úmida (mais agressiva, mas tratável).
2. Eu tenho mais de 60 anos, meu pai teve esse problema e eu fumei por muitos anos… Isso aumenta minhas chances de ter DMRI?
Sim, esses são fatores de risco importantes. A idade acima de 60 anos, o histórico familiar e o tabagismo aumentam consideravelmente a chance de desenvolver DMRI. Outros fatores que também influenciam incluem hipertensão, diabetes, colesterol alto e até exposição intensa à luz solar sem proteção. Mas saber disso é uma vantagem: quanto antes a gente diagnosticar, melhores as chances de preservar sua visão.
3. Essa doença tem cura? Existe algum tratamento que possa me ajudar a não perder a visão?
A DMRI, infelizmente, ainda não tem cura, mas tem tratamento — especialmente se diagnosticada cedo. A forma seca da doença é controlada com acompanhamento regular e, em alguns casos, com suplementos específicos. Já a forma úmida pode ser tratada com injeções intraoculares de medicamentos antiangiogênicos (anti-VEGF), que ajudam a estabilizar ou até melhorar a visão. O mais importante é não deixar de fazer os exames periódicos e seguir as orientações médicas.
4. Existe alguma coisa que eu possa fazer no meu dia a dia para evitar que essa doença piore?
Com certeza. Alguns cuidados no estilo de vida fazem muita diferença. Parar de fumar, manter uma dieta rica em vegetais de folhas verdes, peixes e alimentos com vitaminas antioxidantes (como vitamina C, E e zinco), controlar bem a pressão arterial e o diabetes, e proteger os olhos da exposição solar com óculos com filtro UV são atitudes que ajudam muito a prevenir a progressão da DMRI. Inclusive, estudos recentes mostram que até a ingestão adequada de vitamina K pode ter um papel protetor.
5. Se eu tiver DMRI, vou ficar completamente cego? Vou perder minha independência?
A DMRI afeta principalmente a visão central, mas geralmente não leva à cegueira total. Você pode ter dificuldade para ler, dirigir ou ver rostos, mas a visão periférica costuma ser preservada. Hoje em dia, com tratamento e acompanhamento, muitos pacientes conseguem manter boa qualidade de vida e independência. Além disso, existem recursos visuais, como lupas e aplicativos com letras ampliadas, que ajudam bastante na adaptação.
6. Ouvi falar que vitaminas podem ajudar na DMRI. Quais são recomendadas e como elas funcionam?
Estudos como o AREDS2 indicam que suplementos vitamínicos específicos podem ajudar a retardar a progressão da DMRI seca. Esses suplementos geralmente contêm altas doses de vitaminas C e E, zinco, cobre, luteína e zeaxantina. Esses nutrientes têm propriedades antioxidantes que protegem as células da retina contra danos. É fundamental consultar um oftalmologista antes de iniciar qualquer suplementação para garantir a dosagem adequada e evitar interações com outros medicamentos.
7. Como funcionam as injeções intravítreas no tratamento da DMRI úmida? Elas são dolorosas?
As injeções intravítreas são aplicadas diretamente no vítreo do olho para administrar medicamentos que inibem o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), responsável pelo crescimento anormal de vasos sanguíneos na DMRI úmida. Antes do procedimento, o olho é anestesiado com colírios, tornando-o geralmente indolor. O procedimento é rápido, durando cerca de 15 minutos, e tem como objetivo estabilizar ou melhorar a visão.
8. O que é o tratamento com Valeda para DMRI seca e como ele funciona?
O Valeda é um dispositivo que utiliza a fotobiomodulação para tratar a DMRI seca. Esse tratamento não invasivo aplica luzes de baixa intensidade em comprimentos de onda específicos para estimular as células da retina, promovendo a regeneração celular e reduzindo a inflamação. As sessões duram cerca de 5 minutos e são realizadas em consultório. Há ainda controvérsia na literatura sobre sua real eficácia.
9. Existem injeções para tratar a DMRI seca, semelhantes às usadas na forma úmida?
Recentemente, o FDA aprovou tratamentos injetáveis para a atrofia geográfica secundária à DMRI seca, como o pegcetacoplan (Syfovre). Essas injeções visam reduzir a taxa de crescimento das lesões na mácula. No entanto, esses tratamentos ainda não estão amplamente disponíveis em todos os países. É importante consultar um especialista para saber sobre a disponibilidade e indicação desses tratamentos. Recentemente estive em um hospital de referência nos EUA (Bascom Palmer) onde pude acompanhar seu uso em diversos pacientes. Os resultados ainda não são tão evidentes, mas esse tipo de medicação abre uma porta para novas alternativas que até então não existiam.
10. Qual é a melhor injeção para tratar a Degeneração úmida? E quantas injeções eu vou precisar fazer?
Atualmente, as injeções intravítreas com medicamentos anti-VEGF, como o ranibizumabe (Lucentis), aflibercepte (Eylea) e brolucizumabe (Beovu), são os tratamentos mais eficazes para a DMRI úmida. Não existe uma única “melhor” injeção — a escolha depende das características do seu caso, da resposta ao tratamento e até da disponibilidade pelo plano de saúde ou SUS.
Quanto ao número de aplicações, geralmente o tratamento começa com uma fase inicial mensal, com 3 a 6 injeções, seguida por uma fase de manutenção, que pode ser mensal, bimestral ou conforme a resposta do seu olho. Em alguns casos, o tratamento continua por tempo indefinido, com intervalos mais longos entre as doses, sempre com acompanhamento regular. O principal exame para realizar esse acompanhamento é a tomografia de coerência ótica ou OCT.
O importante é manter o seguimento com o oftalmologista para monitorar a evolução e ajustar o plano conforme necessário.