WhatsApp

+55 (19) 99439-7439

Fale conosco

+55 (19) 4101-2170

WhatsApp

+55 (19) 99439-7439

Fale conosco

+55 (19) 4101-2170

Coriorretinopatia Serosa Central (CSC): Um Guia Completo sobre a Doença e Suas Perspectivas Terapêuticas

A CSC foi descrita pela primeira vez por Albrecht von Graefe em 1866 como uma condição associada a descolamentos serosos da retina. Nas décadas seguintes, avanços na angiografia fluoresceínica (AF) e na tomografia de coerência óptica (OCT) contribuíram para o entendimento das bases fisiopatológicas da doença. Inicialmente, a CSC foi atribuída exclusivamente a alterações no epitélio pigmentar da retina (EPR). No entanto, estudos mais recentes evidenciam o papel crucial da hiperpermeabilidade da coroide e da espessura escleral na gênese da doença​​.

A evolução das classificações

No início, a CSC era considerada uma entidade única. Atualmente, com os avanços tecnológicos e a introdução da angiografia com verde de indocianina (ICG), ela é reconhecida como parte do espectro das doenças da “pachicoroide”, um grupo que inclui também a neovasculopatia da coroide e o edema macular da pachicoroide.

A Coriorretinopatia Serosa Central (CSC) é uma das principais causas de descolamento seroso da retina em adultos, frequentemente associada à hiperpermeabilidade da coroide e disfunção do epitélio pigmentar da retina (EPR). Essa condição representa um desafio diagnóstico e terapêutico, especialmente nos casos crônicos, onde as sequelas visuais podem ser permanentes. Este artigo oferece uma visão detalhada sobre a CSC, abrangendo suas características clínicas, diagnósticas, fatores de risco, e abordagens terapêuticas modernas.


1. O que é a CSC?

A CSC é caracterizada pelo acúmulo de fluido sub-retiniano devido a uma ruptura no equilíbrio entre o bombeamento ativo do EPR e a permeabilidade excessiva da coroide. Este processo resulta em um descolamento seroso na retina, geralmente na região macular, que compromete a visão central.

Classificações

A CSC é frequentemente dividida em três categorias principais:

  • CSC Aguda: Caracterizada por descolamentos serosos que resolvem espontaneamente em até 4-6 meses, com boa recuperação visual.
  • CSC Crônica: Definida pela persistência do fluido sub-retiniano por mais de 6 meses, frequentemente associada a danos irreversíveis no EPR e comprometimento visual significativo.
  • CSC Recorrente: Envolve múltiplos episódios de acúmulo de fluido, com ou sem resolução completa entre os episódios​​.

Epidemiologia

A CSC afeta principalmente homens em idade produtiva (30 a 50 anos), com uma relação homem:mulher variando de 2:1 a 6:1. Estudos sugerem que a prevalência pode ser maior em populações asiáticas, enquanto indivíduos de origem africana apresentam menor incidência. Casos em crianças e idosos são raros, mas quando ocorrem, tendem a ter apresentações atípicas​​.

2. Fatores de Risco da CSC

A CSC é uma doença multifatorial, com diversos fatores de risco identificados:

2.1 Corticosteroides

O uso de corticosteroides é o principal fator de risco identificado, independentemente da via de administração (oral, tópica, inalatória, etc.). Esses medicamentos aumentam a permeabilidade da coroide e podem desencadear episódios de CSC mesmo em doses baixas. Além disso, a hiperfunção endógena do cortisol, como na síndrome de Cushing, também está associada à CSC​.

2.2 Estresse Psicológico

Situações de estresse aumentam os níveis de cortisol sérico, o que pode predispor à CSC. Estudos relatam maior incidência em pacientes com perfis de personalidade do tipo “A”, caracterizados por competitividade e comportamento orientado a metas​​.

2.3 Distúrbios do Sono

Condições como apneia obstrutiva do sono e trabalho em turnos irregulares são frequentemente associadas à CSC, possivelmente devido à influência sobre os níveis de cortisol e a pressão arterial​.

2.4 Gravidez

A CSC durante a gravidez, geralmente no terceiro trimestre, pode estar relacionada a alterações hormonais e hemodinâmicas. Felizmente, a maioria dos casos resolve espontaneamente no período pós-parto​.

2.5 Fatores Adicionais

Outros fatores de risco incluem hipertensão arterial, uso de medicamentos vasodilatadores (ex.: inibidores da fosfodiesterase-5), predisposição genética e infecção por Helicobacter pylori​.


3. Fisiopatologia da CSC

A compreensão da fisiopatologia da CSC evoluiu significativamente nas últimas décadas. Ela está intimamente ligada à disfunção do EPR e alterações vasculares na coroide.

3.1 Papel da Coroide

A CSC está associada a um espessamento focal ou difuso da coroide, dilatação venosa e hiperpermeabilidade vascular. Estudos de angiografia com verde de indocianina (ICG) demonstram que essas alterações são mais evidentes nas áreas de vazamento​.

3.2 Disfunção do EPR

A falha na capacidade de bombeamento do EPR permite o acúmulo de fluido sub-retiniano. Alterações como descolamentos do EPR são frequentemente observadas em exames de tomografia de coerência óptica (OCT)​​.

3.3 Papel dos Corticosteroides

Os corticosteroides exacerbam a hiperpermeabilidade vascular e a disfunção do EPR, além de reduzir a adesão entre as células do EPR, favorecendo a formação de fluido sub-retiniano​.

4. Quais são os sintomas da CSC?

Os sintomas variam dependendo do tipo e da gravidade da doença, mas geralmente incluem:

  • Visão embaçada ou borrada: Frequente na área central.
  • Escotomas centrais: Áreas de perda parcial ou total da visão central.
  • Micropsia: Objetos parecem menores do que são.
  • Metamorfopsia: Linhas retas parecem onduladas ou distorcidas.
  • Alterações na percepção de cores e redução da sensibilidade ao contraste.

Esses sintomas podem ser mais graves em casos crônicos devido ao comprometimento irreversível do EPR​​.


5. Diagnóstico da CSC

O diagnóstico da CSC baseia-se em uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem avançados.

5.1 Exames de Imagem

  • Tomografia de Coerência Óptica (OCT): Identifica fluido sub-retiniano e alterações no EPR com alta precisão.
  • Angiografia com Fluoresceína (AF): Demonstra os pontos de vazamento típicos, frequentemente descritos como padrões de “mancha de tinta” ou “fumaça”.
  • Angiografia com Verde de Indocianina (ICG): Avalia a hiperpermeabilidade da coroide, útil em casos crônicos ou complexos.
  • Angio-OCT: Uma técnica moderna para detecção de neovascularização associada​​.

5.2 Diagnósticos Diferenciais

A CSC deve ser diferenciada de condições como degeneração macular relacionada à idade, uveítes, e descolamentos exsudativos de retina. A análise combinada de exames é fundamental para evitar diagnósticos incorretos​.

6. Tratamentos para a CSC

O manejo da CSC varia com base na gravidade, duração e impacto visual do paciente.

6.1 Observação

Cerca de 80% dos casos agudos resolvem espontaneamente em até 6 meses. Pacientes devem ser monitorados regularmente​.

6.2 Terapias Baseadas em Laser

  • Terapia Fotodinâmica (PDT): Amplamente utilizada em casos crônicos, reduz a permeabilidade vascular sem danos significativos ao tecido retiniano.
  • Laser focal: Aplicado para tratar vazamentos localizados fora da área central​.

6.3 Tratamentos Medicamentosos

  • Antagonistas de mineralocorticoides: Reduzem a espessura da coroide e diminuem o fluido sub-retiniano.
  • Inibidores de MRA: Terapias emergentes com potencial promissor​​.

6.4 Estilo de Vida

Reduzir o estresse e melhorar a qualidade do sono são abordagens complementares que ajudam na recuperação e previnem recidivas.


7. Perspectivas Futuras no Tratamento

Pesquisas estão explorando terapias inovadoras para CSC, incluindo:

  • Terapias anti-VEGF: Úteis em casos com neovascularização coroideana associada.
  • Lasers de micropulso: Minimiza danos térmicos e melhora a absorção do fluido​.

8. Prognóstico e Acompanhamento

Embora a maioria dos casos agudos tenha um bom prognóstico, pacientes com CSC crônica ou recorrente enfrentam desafios. A taxa de recorrência varia entre 30% e 50%, tornando essencial o acompanhamento oftalmológico regular para prevenir danos irreversíveis​.


Fontes Utilizadas

  1. Fung, A. T., Yang, Y., & Kam, A. W. (2023). Central serous chorioretinopathy: A review. Clinical & Experimental Ophthalmology, 51(3), 243-270. Disponível em: Wiley Online Library.
  2. Bousquet, E., et al. (2023). Choriorétinopathie séreuse centrale: une revue. Ophthalmology. Disponível em: ScienceDirect.s

Perguntas Frequentes


“Tenho 35 anos, sou homem, e comecei a perceber manchas na visão do olho direito há dois meses. Recentemente, usei injeções de corticóides para tratar uma dor no joelho. Posso estar com CSC? O que devo fazer?”

Resposta do médico: Sim, há uma possibilidade de você estar apresentando Coriorretinopatia Serosa Central (CSC), especialmente porque o uso de corticóides é um fator de risco conhecido para essa condição. É importante realizar um exame oftalmológico completo, incluindo uma tomografia de coerência óptica (OCT) e, possivelmente, uma angiografia com fluoresceína, para confirmar o diagnóstico. Em muitos casos, a CSC aguda pode resolver sozinha em alguns meses. No entanto, se o descolamento persistir ou afetar significativamente sua visão, podemos considerar tratamentos como terapia fotodinâmica ou suspender o uso de corticóides, se possível, com o aval do médico que acompanha sua outra condição. Recomendo procurar um especialista em retina para avaliação detalhada.


“Sou mulher, tenho 40 anos, e estou grávida de 7 meses. Comecei a perceber minha visão embaçada e distorcida no olho esquerdo. Isso pode ser Coriorretinopatia serosa? É perigoso para minha gravidez?”

Resposta do médico: Sim, a CSC pode ocorrer durante a gravidez, especialmente no terceiro trimestre, devido a alterações hormonais e aumento dos níveis de cortisol. A boa notícia é que, na maioria dos casos relacionados à gestação, a condição se resolve espontaneamente após o parto, sem necessidade de tratamento específico. Embora a CSC geralmente não represente risco direto para a gravidez, é essencial monitorar sua visão regularmente para avaliar a progressão. Um exame oftalmológico com OCT pode confirmar o diagnóstico. Caso haja dúvidas ou sintomas mais graves, podemos planejar um acompanhamento próximo até o parto.


“Tenho 50 anos, sou homem, e percebo que minha visão central está embaçada há cerca de três semanas. Trabalho em turnos noturnos e recentemente passei por um período de estresse intenso. Isso pode estar relacionado à CSC?”

Resposta do médico: Sim, há uma relação clara entre estresse e a CSC, especialmente em pessoas que enfrentam distúrbios do sono, como trabalho em turnos irregulares. O estresse aumenta os níveis de cortisol, que é um dos fatores de risco mais significativos para a CSC. Recomendo um exame oftalmológico com testes específicos, como OCT e angiografia, para confirmar o diagnóstico. Além disso, é importante tentar reduzir o estresse e estabelecer hábitos de sono mais regulares. Em casos agudos como o seu, a condição pode se resolver espontaneamente, mas é essencial fazer o acompanhamento com um oftalmologista.


“Tenho 28 anos, sou mulher, e comecei a perceber que os objetos parecem distorcidos no olho direito. Isso pode ser CSC, mesmo sendo mais comum em homens?”

Resposta do médico: Embora a CSC seja mais comum em homens, ela pode ocorrer em mulheres, especialmente se houver fatores de risco como uso de corticosteroides, estresse elevado ou condições médicas subjacentes. A distorção visual (metamorfopsia) que você mencionou é um sintoma característico da CSC, mas também pode estar associada a outras condições oftalmológicas. Recomendo uma avaliação detalhada com um especialista em retina, que pode realizar exames como OCT e angiografia para confirmar o diagnóstico. Identificar e tratar possíveis fatores desencadeantes será fundamental no manejo da doença.


“Sou homem, tenho 60 anos, e já fui diagnosticado com CSC crônica. Notei que a visão do meu olho esquerdo piorou nos últimos meses. Existe algo novo no tratamento que possa ajudar?”Resposta do médico: No caso da CSC crônica, existem tratamentos avançados que podem ajudar a melhorar a visão ou estabilizar a condição. A terapia fotodinâmica (PDT) com verteporfina continua sendo uma das opções mais eficazes para casos como o seu, especialmente porque reduz a permeabilidade da coroide sem causar danos à retina. Além disso, tratamentos emergentes, como o uso de antagonistas de mineralocorticoides (ex.: espironolactona) ou inibidores de receptores de mineralocorticoides, têm mostrado resultados promissores em estudos recentes. Recomendo uma consulta com um especialista em retina para discutir essas possibilidades e realizar exames de acompanhamento para avaliar sua condição atual.

Você pode gostar:

Tratamento Atual da Retinose Pigmentar: Avanços e Esperanças para o Futuro

A retinose pigmentar (RP) é um grupo de distrofias hereditárias da retina, caracterizadas pela degeneração progressiva dos fotorreceptores, inicialmente os bastonetes e, em seguida, os cones. Essa condição resulta em sintomas como dificuldade em enxergar à noite (nictalopia), perda progressiva do campo visual periférico, até potencialmente alcançar a visão central em estágios avançados. Estima-se que a prevalência global varie entre 1 em 3.000 a 1 em 5.000 pessoas, sendo mais comum em populações com alta consanguinidade​.

Lentes Multifocais para Cirurgia de Catarata: Tudo o que você Precisa Saber

A catarata é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada pela opacificação do cristalino, a lente natural do olho. Felizmente, a cirurgia de catarata é um dos procedimentos mais realizados na medicina, com altíssimos índices de sucesso. Com os avanços tecnológicos, essa cirurgia deixou de ser apenas uma solução para recuperar a visão perdida, tornando-se uma oportunidade para corrigir problemas refrativos, como a presbiopia.

Como Controlar o Avanço da Miopia: Um Guia Completo para Pais e Pacientes

A miopia, também conhecida como “visão curta”, é um distúrbio visual que dificulta a visualização de objetos distantes, enquanto os objetos próximos permanecem nítidos. Isso ocorre devido a um crescimento anormal do olho, fazendo com que a imagem se forme antes da retina, em vez de diretamente sobre ela. Atualmente, estima-se que metade da população mundial será afetada pela miopia até 2050​​.

Agende sua consulta agora!

Agende sua consulta