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Cirurgia de Catarata em Pacientes com Síndrome de Down.

catarata down

Catarata na Síndrome de Down. O que muda? Como é o diagnóstico e tratamento?

 

Pacientes com Síndrome de Down tem catarata com maior frequência e mais precocemente, podendo ocorrer desde o nascimento até a vida adulta. O diagnóstico precoce é fundamental, pois muitos pacientes têm dificuldade em expressar os sintomas visuais. A cirurgia é segura e eficaz, mas requer cuidados especiais, como anestesia geral e atenção a comorbidades sistêmicas e oculares.

Mesmo com desafios no cálculo da lente intraocular e maior risco de complicações, os resultados visuais são positivos. O acompanhamento oftalmológico regular é essencial para preservar a visão e a qualidade de vida desses pacientes.

 

  1. O que é a catarata?

A catarata é uma doença ocular que cursa com a opacificação (borramento) progressiva do cristalino, a lente natural do olho. Essa opacificação impede que a luz chegue de forma adequada à retina, prejudicando a visão. Os sintomas mais comuns incluem visão embaçada, sensibilidade à luz, dificuldade para enxergar à noite e percepção de halos ao redor das luzes.

Embora esteja frequentemente associada ao envelhecimento, a catarata também pode surgir de forma precoce por causas genéticas, metabólicas, traumáticas ou como parte de síndromes congênitas, como é o caso da Síndrome de Down.

 

  1. O que é a Síndrome de Down?

A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é uma condição genética causada pela presença de um cromossomo 21 extra. Essa alteração afeta o desenvolvimento físico e cognitivo dos indivíduos, podendo resultar em características faciais típicas, atraso no desenvolvimento e maior incidência de condições médicas associadas.

 

Entre as diversas manifestações clínicas, as alterações oculares são extremamente comuns, acometendo cerca de 80% dos pacientes. Entre elas estão: erros refracionais, estrabismo, nistagmo, ceratocone, e a própria catarata, que pode se manifestar de forma congênita ou adquirida precocemente.

 

  1. Pacientes com Síndrome de Down têm catarata mais precoce? Como saber que esse paciente está com catarata?

Sim. Estudos demonstram que a prevalência de catarata em pacientes com Síndrome de Down é significativamente maior do que na população geral da mesma faixa etária. Segundo pesquisa publicada no British Journal of Ophthalmology, aproximadamente 1,4% dos indivíduos com Down desenvolvem catarata ainda na infância, sendo que cerca de um terço desses casos são detectados na fase neonatal.

 

Na vida adulta, a prevalência também é elevada. Um estudo com pacientes entre 28 e 83 anos encontrou uma taxa de 16,2% de catarata, com aumento progressivo em faixas etárias mais avançadas. Os fatores fisiopatológicos prováveis incluem o estresse oxidativo exacerbado devido à superexpressão da enzima superóxido dismutase (SOD1), presente no cromossomo 21, que favorece a formação de radicais livres e a opacificação do cristalino.

 

O desafio maior é o reconhecimento dos sintomas. Como muitos pacientes com Down têm dificuldades de comunicação, é essencial que haja um acompanhamento oftalmológico regular, com avaliações precoces e frequentes para detectar alterações visuais de forma proativa. Os sinais indiretos incluem maior dificuldade para realizar tarefas visuais, tropeços frequentes, recusa a ambientes com muita luz ou comportamentos que sugerem baixa acuidade visual.

 

  1. Como é o tratamento da catarata nesses pacientes? Quais cuidados especiais? O que muda para um paciente que não tem Down?

O tratamento é cirúrgico, com remoção do cristalino opaco e implante de lente intraocular (LIO). No entanto, pacientes com Síndrome de Down requerem planejamento cirúrgico especial devido a diversos fatores:

 

  • Anestesia geral: É a preferida, dada a dificuldade de cooperação em muitos casos.
  • Comorbidades sistêmicas: Hipotireoidismo, doença cardíaca congênita e distúrbios respiratórios são frequentes e devem ser avaliados previamente.
  • Doenças oculares associadas: Ceratocone, estrabismo, glaucoma e nistagmo podem afetar os resultados visuais e o planejamento da lente intraocular.
  • Difícil biometria: O exame para calcular o grau da LIO pode ser impreciso devido à dificuldade de cooperação e alterações anatômicas.

 

Apesar dessas dificuldades, estudos demonstram que a cirurgia é segura e eficaz. A maioria dos pacientes apresenta melhora significativa da acuidade visual. Em casos bilaterais, é comum a realização da cirurgia de forma sequencial imediata para reduzir o risco anestésico.

 

As complicações mais frequentes incluem opacificação da cápsula posterior (24,2%) e ruptura capsular posterior (5,5%). Por isso, o acompanhamento pós-operatório deve ser cuidadoso e adaptado às necessidades do paciente.

 

  1. Conclusão

A catarata em pacientes com Síndrome de Down é uma condição comum e potencialmente tratável. O reconhecimento precoce, aliado a um acompanhamento oftalmológico regular, pode prevenir a perda visual irreversível e melhorar substancialmente a qualidade de vida desses indivíduos.

 

Pais e cuidadores devem ser orientados a realizar exames oftalmológicos desde os primeiros meses de vida e a manter consultas regulares durante toda a vida. O tratamento cirúrgico, embora mais desafiador, tem resultados positivos e é uma intervenção fundamental para promover a inclusão, autonomia e bem-estar dos pacientes com Síndrome de Down.

 

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
Saiba mais em aronguimaraes.com.br

 

Perguntas de pacientes:

 

  1. Paula, 32 anos, mãe do Lucas (4 anos, com Síndrome de Down):

“Notei que os olhos do Lucas parecem meio esbranquiçados quando bate luz. Isso pode ser catarata?”

Resposta: Sim, a aparência esbranquiçada nos olhos pode indicar catarata congênita ou precoce. Em crianças com Síndrome de Down, esse tipo de catarata é mais comum do que na população geral. É fundamental levá-lo ao oftalmologista pediátrico o quanto antes para avaliação com lâmpada de fenda e possível indicação de exames complementares.

 

  1. Marcelo, 45 anos, pai do Vitor (16 anos, com Síndrome de Down):

“O Vitor tem tropeçado muito ultimamente. Pode ser problema de visão?”

Resposta: Pode sim. Em adolescentes com Síndrome de Down, alterações visuais, incluindo catarata, ceratocone ou erro refrativo, são frequentes. Tropeços, desorientação e recusa de ambientes muito iluminados são sinais indiretos de perda visual e devem ser investigados com urgência.

 

  1. Sandra, 60 anos, tia e cuidadora da Ana (35 anos):

“Minha sobrinha Ana tem Síndrome de Down e foi diagnosticada com catarata. A cirurgia é segura para ela?”

Resposta: Sim, a cirurgia de catarata é segura em pacientes com Síndrome de Down, desde que haja preparo pré-operatório adequado. Avaliação clínica completa, anestesia geral e cuidado no pós-operatório são essenciais para um bom prognóstico.

 

  1. Jorge, 37 anos, pai do Caio (10 meses, com Down):

“O pediatra comentou de um exame oftalmológico, mesmo sem sintomas. É necessário tão cedo?”

Resposta: Sim, é recomendável que todos os bebês com Síndrome de Down passem por avaliação oftalmológica até os 6 meses de idade, mesmo sem sintomas. Isso permite identificar precocemente condições como catarata, nistagmo, estrabismo ou erros de refração.

 

  1. Denise, 41 anos, mãe do Renan (6 anos):

“O Renan fez cirurgia de catarata, mas o médico falou que pode voltar a ‘embaçar’. Isso é normal?”

Resposta: Sim, a opacificação da cápsula posterior (secundária) pode ocorrer após a cirurgia de catarata, especialmente em crianças. Em geral, é tratada com laser YAG de forma rápida e indolor.

 

  1. Rodrigo, 29 anos, irmão do Davi (22 anos, com Down):

“O Davi está mais desatento e relutante em sair de casa. Pode estar enxergando mal?”

Resposta: É possível. Alterações comportamentais podem indicar perda visual em pessoas com Síndrome de Down. Uma avaliação oftalmológica completa é recomendada para verificar se há catarata ou outra condição ocular.

 

  1. Camila, 33 anos, mãe da Helena (2 anos):

“A oftalmo disse que a Helena tem catarata cerúlea. Isso precisa de cirurgia?”

Resposta: Nem sempre. A catarata cerúlea é um tipo leve que pode não impactar a visão inicialmente. A decisão por cirurgia depende do grau de opacidade e do comprometimento visual. Acompanhar com avaliações periódicas é essencial.

 

  1. Felipe, 49 anos, pai do Guilherme (18 anos):

“Guilherme tem Down e ceratocone. Isso muda algo na cirurgia de catarata?”

Resposta: Sim, o ceratocone altera a curvatura da córnea, o que dificulta o cálculo da lente intraocular. Isso pode impactar o resultado refracional da cirurgia. Uma equipe experiente deve ajustar o plano cirúrgico considerando essa comorbidade.

 

  1. Rosana, 38 anos, mãe da Sofia (8 anos):

“Existe alguma vitamina ou suplemento que ajude a evitar a catarata?”

Resposta: Alguns estudos sugerem que antioxidantes como vitamina C e E podem proteger o cristalino contra o estresse oxidativo, especialmente em pessoas com Síndrome de Down. No entanto, isso deve ser discutido com o pediatra antes de iniciar qualquer suplementação.

 

  1. Luciano, 55 anos, tio do Rafael (30 anos):

“O Rafael fez cirurgia, mas não fala se enxerga melhor. Como saber se deu certo?”

Resposta: Muitos pacientes com Down têm dificuldades de comunicação. A melhora pode ser percebida por mudanças no comportamento: mais atenção, menos tropeços, interesse em interagir visualmente. Avaliações pós-operatórias ajudam a medir a acuidade visual mesmo sem resposta verbal.

 

  1. Juliana, 40 anos, mãe do Pedro (5 anos):

“Pedro tem estrabismo e Down. Isso tem a ver com catarata?”

Resposta: Pode estar relacionado. A catarata pode causar ou agravar o estrabismo por dificultar a fixação visual. Também é comum que ambas as condições coexistam na Síndrome de Down. Avaliação detalhada por oftalmopediatra é essencial.

 

  1. Antônio, 65 anos, avô da Laura (12 anos):

“A Laura não deixa ninguém chegar perto dos olhos. Como fazer os exames?”

Resposta: O ideal é buscar clínicas com equipe treinada em pacientes com necessidades especiais. Em alguns casos, pode ser necessário sedação leve ou mesmo exames sob anestesia para uma avaliação precisa.

 

  1. Bianca, 36 anos, mãe da Isadora (3 anos):

“A Isadora tem catarata e o médico quer operar os dois olhos no mesmo dia. Isso é seguro?”

Resposta: Sim, a cirurgia bilateral imediata pode ser indicada em alguns casos, especialmente quando há risco anestésico. Estudos mostram bons resultados e menor impacto emocional para a criança e os pais.

 

  1. Fernando, 43 anos, pai do Luiz (21 anos):

“O Luiz tem Down e sempre usou óculos. Agora disseram que só cirurgia resolve. Por quê?”

Resposta: Quando a catarata é densa, os óculos não corrigem a perda de visão. Nesses casos, somente a remoção cirúrgica do cristalino opaco permite a recuperação visual.

 

  1. Marta, 50 anos, cuidadora do Henrique (40 anos, com Síndrome de Down e diabetes):

“O Henrique vai operar catarata. O diabetes complica?”

Resposta: Sim, o diabetes exige controle rigoroso antes e depois da cirurgia. Pode haver maior risco de edema macular, inflamação ou dificuldade de cicatrização. A equipe médica deve acompanhar de perto.

 

Fontes:

  • HAARGAARD, B.; FLEDELIUS, H. C. Down’s syndrome and early cataract. British Journal of Ophthalmology, [S. l.], v. 90, n. 9, p. 1024–1027, 2006. Disponível em: https://bjo.bmj.com/content/90/9/1024.
  • PURI, B. K.; SINGH, I. Prevalence of cataract in adult Down’s syndrome patients aged 28 to 83 years. Clinical Practice and Epidemiology in Mental Health, [S. l.], v. 3, n. 26, 2007. Disponível em: http://www.cpementalhealth.com/content/3/1/26.
  • LI, E. Y. et al. Cataract surgery outcomes in adult patients with Down’s syndrome. British Journal of Ophthalmology, [S. l.], v. 98, p. 1273–1276, 2014. Disponível em: https://bjo.bmj.com/content/98/9/1273.
  • ESCRIBANO LOPEZ, P. et al. Immediate sequential bilateral cataract surgery in adults with Down’s syndrome. International Ophthalmology, [S. l.], v. 42, p. 2997–3004, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10792-022-02285-7.

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