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Cirurgia de Catarata em Pacientes com Doença de Parkinson: O que Muda?

parkinson

Cirurgia de Catarata em Pacientes com Doença de Parkinson: O que Muda?

 

Você sabia que pacientes com Doença de Parkinson têm maior chance de desenvolver catarata? E mais: que a cirurgia, quando bem indicada, pode transformar a qualidade de vida dessas pessoas? A combinação entre os sintomas motores e visuais afeta diretamente a autonomia e segurança dos pacientes, e muitas famílias não sabem que existe uma solução segura e eficaz — a cirurgia de catarata, mesmo em estágios mais avançados do Parkinson.

 

Neste artigo, você vai entender de forma clara e acessível o que muda quando um paciente com Parkinson precisa operar a catarata. O Dr. Aron Guimarães explica o que é a Doença de Parkinson, como ela pode afetar a visão, e por que a catarata é mais comum nesses casos. Também abordamos uma dúvida frequente: “vale a pena operar?” A resposta é sim — mas com os cuidados certos.

 

Apresentamos ainda os riscos, os benefícios e os detalhes que precisam ser levados em consideração antes de marcar a cirurgia: o uso de medicamentos, os movimentos involuntários, os cuidados com a anestesia e o acompanhamento no pós-operatório. Tudo isso é discutido com base em estudos científicos recentes e na experiência clínica de quem já cuidou de centenas de casos semelhantes.

 

Se você tem um familiar com Parkinson, ou é profissional da saúde que acompanha esses pacientes, este texto vai te mostrar por que a cirurgia de catarata não deve ser adiada. O retorno da visão representa mais do que clareza ocular: é também prevenção de quedas, menos dependência, maior autoestima e até melhora cognitiva.

 

Ao longo do texto, você encontrará orientações práticas, perguntas que os pacientes mais fazem e as respostas médicas mais atualizadas.

 

Leia até o final e descubra como a decisão de operar pode representar um novo começo para quem convive com o Parkinson e já havia perdido a esperança de enxergar melhor.

 

  1. O que é a Doença de Parkinson?

A doença de Parkinson é uma enfermidade neurodegenerativa crônica que afeta principalmente o controle motor do corpo. Ela é caracterizada por sintomas como tremores em repouso, rigidez muscular, lentidão dos movimentos (bradicinesia), instabilidade postural e, em estágios mais avançados, comprometimento cognitivo. A causa é multifatorial, envolvendo fatores genéticos, ambientais e, principalmente, a perda progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância negra do cérebro.

 

Estudos apontam que a doença afeta cerca de 1% da população com mais de 60 anos, sendo mais prevalente em homens. Além dos sintomas motores clássicos, pacientes com Parkinson também enfrentam disfunções autônomas, como problemas gastrointestinais e urinários, distúrbios do sono, depressão e apatia. Esses aspectos tornam o manejo da doença complexo e multidisciplinar.

 

O tratamento da doença de Parkinson visa controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e retardar a progressão da doença. As opções incluem o uso de medicamentos como levodopa-carbidopa, agonistas dopaminérgicos, inibidores da MAO-B, entre outros. Em casos refratários, indica-se a cirurgia de estimulação cerebral profunda (Deep Brain Stimulation – DBS), que tem se mostrado eficaz na redução de tremores e flutuações motoras.

 

  1. O que é a Catarata e como ela se Relaciona com a Doença de Parkinson?

A catarata é uma condição ocular caracterizada pela opacificação progressiva do cristalino, a lente natural do olho. Com o envelhecimento, é comum que o cristalino perca sua transparência, resultando em visão borrada, sensibilidade à luz, dificuldade para enxergar à noite e alterações na percepção das cores.

Em pacientes com Parkinson, a ocorrência de catarata pode ser ainda mais frequente.

 

Estudos indicam que há uma associação entre o estresse oxidativo comum às duas doenças. A disfunção mitocondrial, presente tanto na degenerescência dos neurônios dopaminérgicos quanto na opacificação do cristalino, é um ponto de convergência fisiopatológico.

 

Ademais, diversos sintomas visuais são relatados pelos pacientes com Parkinson, como dificuldade de foco, redução da acuidade visual, sensibilidade à luz e visão dupla. Tais sintomas podem estar relacionados tanto à própria doença quanto à presença de catarata. A coexistência dessas condições pode potencializar os riscos de quedas, reduzir a autonomia e afetar negativamente o estado emocional dos pacientes.

degeneração macular
Imagem Ilustrativa
  1. Vale a Pena Operar de Catarata o Paciente com Doença de Parkinson?

Apesar de algumas hesitações por parte de profissionais da saúde e familiares, operar a catarata em pacientes com Parkinson é não apenas seguro como também altamente benéfico. A restauração da visão traz ganhos concretos na mobilidade, independência e qualidade de vida desses pacientes.

Estudos recentes demonstram que pacientes com Parkinson não têm sua taxa de indicação para cirurgia de catarata reduzida em comparação com idosos sem a doença, diferentemente do que ocorre com pacientes com demência. Além disso, há evidências de que a melhora visual pós-operatória está associada à redução do risco de quedas e do declínio cognitivo em pacientes com doenças neurodegenerativas.

 

A decisão por operar deve considerar a fase da doença, a capacidade cognitiva do paciente, a adesão ao pós-operatório e a expectativa de ganho funcional. A abordagem deve ser individualizada, com participação de neurologistas, oftalmologistas e, quando necessário, da equipe multiprofissional.

 

  1. Quais os Cuidados Específicos? O Risco é Maior?

A cirurgia de catarata em pacientes com Parkinson é segura, mas exige preparação cuidadosa. Alguns cuidados especiais são:

  • Controle motor pré-operatório: é recomendada a otimização da medicação antiparkinsoniana nos dias que antecedem a cirurgia para minimizar tremores e rigidez. Em casos selecionados, o uso de medicações como amantadina ou anticolinérgicos pode ser indicado.
  • Escolha da anestesia: apesar da anestesia geral ainda ser solicitada por alguns profissionais devido aos movimentos involuntários, estudos demonstram que a facoemulsificação sob anestesia tópica é segura e eficaz mesmo em pacientes com DBS, desde que realizada por cirurgiões experientes e com monitoração adequada.
  • Dispositivos implantados (DBS): é fundamental manter uma distância segura entre o campo cirúrgico e o gerador de pulso implantado. Estudos de caso mostram que, com a devida precaução, não há interferência entre os ultrassons da facoemulsificação e o funcionamento do DBS.
  • Cuidado com interações medicamentosas: drogas com efeito antidopaminérgico, como metoclopramida, devem ser evitadas. Além disso, a suspensão abrupta da levodopa pode causar síndrome neurológica grave. O planejamento deve garantir que a medicação do Parkinson seja mantida, inclusive durante o jejum e o pós-operatório.
  • Aspectos comportamentais e cognitivos: em pacientes com sintomas cognitivos importantes, é necessário maior suporte familiar, orientação sobre o uso de colírios e seguimento pós-operatório intensificado.

 

  1. Conclusão

A cirurgia de catarata em pacientes com doença de Parkinson é uma intervenção segura, eficaz e altamente recomendada quando bem indicada. Os avanços tecnológicos, a experiência das equipes cirúrgicas e o conhecimento acumulado sobre a doença permitem resultados favoráveis mesmo em casos complexos.

 

Para isso, é fundamental que oftalmologistas, neurologistas e demais profissionais da saúde trabalhem de forma integrada. A decisão pela cirurgia deve levar em conta não apenas os achados oftalmológicos, mas também o impacto funcional da visão sobre a mobilidade, a segurança e o bem-estar do paciente.

A visão restaurada, nesses casos, representa muito mais que nitidez visual: é um passo concreto rumo à autonomia, à prevenção de quedas e à manutenção da qualidade de vida.

 

 

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
Saiba mais em aronguimaraes.com.br

 

Perguntas sobre o tema:

 

  1. Minha mãe tem Parkinson e foi diagnosticada com catarata. Essa cirurgia é realmente segura nesse caso?

Sim, a cirurgia é segura quando feita com planejamento. Com cuidados específicos, ela pode melhorar bastante a visão e a qualidade de vida dela.

 

  1. O Parkinson do meu pai está avançado e ele tem tremores constantes. Ainda assim é possível fazer a cirurgia de catarata?

Sim, com o ajuste da medicação e técnicas adequadas, o tremor não impede a cirurgia. É importante contar com uma equipe experiente.

 

  1. Tenho um tio que perdeu bastante da visão por causa da catarata, e ele tem Parkinson. Ainda dá tempo de operar?

Na maioria dos casos, sim. Mesmo em cataratas avançadas, a cirurgia pode recuperar grande parte da visão se não houver outras doenças oculares associadas.

 

  1. Uma amiga me contou que a mãe dela não quis operar a catarata por medo. Isso é comum em quem tem Parkinson?

Sim, o medo é comum. Mas com uma boa explicação sobre os benefícios e a segurança do procedimento, muitos pacientes mudam de ideia.

 

  1. Já ouvi dizer que pacientes com Parkinson não são indicados para cirurgia ocular. Isso é verdade?

Não é verdade. Quando bem indicada, a cirurgia de catarata pode e deve ser realizada em pacientes com Parkinson para melhorar a visão e a autonomia.

 

  1. Estou cuidando do meu avô, que tem Parkinson e vê muito mal. Como saber se ele precisa operar a catarata?

O ideal é levá-lo ao oftalmologista. Um exame completo pode confirmar se a catarata está prejudicando a visão e se a cirurgia é indicada.

 

  1. Um idoso com Parkinson pode operar os dois olhos ao mesmo tempo?

Na maioria dos casos, recomenda-se operar um olho de cada vez para facilitar a recuperação e avaliar a resposta do primeiro procedimento.

 

  1. O tremor do Parkinson atrapalha a cirurgia ou pode ser controlado durante o procedimento?

Pode ser controlado com medicação prévia ou, em alguns casos, leve sedação. Isso permite que a cirurgia aconteça de forma segura.

 

  1. É normal que o paciente com Parkinson tenha medo de ficar mais confuso após a cirurgia de catarata?

Esse medo existe, mas é raro que isso aconteça. Pelo contrário, a melhora da visão pode até ajudar no bem-estar e na clareza mental.

 

  1. Uma pessoa com Parkinson e que mora sozinha consegue fazer o pós-operatório da cirurgia de catarata sozinha?

Geralmente, não. É importante contar com ajuda para o uso dos colírios e para o acompanhamento médico nos primeiros dias após a cirurgia.

 

  1. Meu pai tem dificuldade para seguir instruções. Como garantir que ele use os colírios corretamente depois da cirurgia?

Com supervisão de um familiar ou cuidador. Há também recursos como colírios combinados e lembretes visuais que podem facilitar.

 

  1. O uso do estimulador cerebral (DBS) interfere nos equipamentos da cirurgia de catarata?

Não. O procedimento pode ser realizado com segurança mesmo em quem usa DBS, desde que se respeitem os cuidados recomendados.

 

  1. Um conhecido comentou que Parkinson e catarata têm alguma relação. Isso é verdade?

Sim. Estudos indicam que pessoas com Parkinson têm maior incidência de catarata, provavelmente por fatores comuns como estresse oxidativo.

 

  1. O neurologista precisa estar envolvido na decisão de operar a catarata em quem tem Parkinson?

Sim, é recomendável. O neurologista pode ajustar a medicação para garantir que o paciente esteja estável no dia da cirurgia.

 

  1. Tenho um parente com Parkinson que enxerga mal e se isola muito. A cirurgia de catarata pode ajudar nisso também?

Com certeza. A recuperação da visão pode trazer mais segurança, autonomia e melhorar muito a interação social e o humor do paciente.

 

  1. É possível que a cirurgia de catarata melhore até a cognição em quem tem Parkinson?

Sim. A melhora visual pode impactar positivamente a cognição, especialmente pela redução do esforço sensorial e maior estímulo ambiental.

 

  1. O que acontece se um paciente com Parkinson esquecer de tomar os remédios antes da cirurgia de catarata?

Isso pode causar rigidez e tremores intensos, dificultando o procedimento. Por isso, é essencial manter a medicação no dia da cirurgia.

 

  1. Um paciente acamado com Parkinson ainda pode se beneficiar da cirurgia de catarata?

Sim, desde que haja expectativa de melhora funcional e qualidade de vida. A cirurgia pode facilitar cuidados, mobilidade e comunicação visual.

 

  1. A catarata é a principal causa da visão ruim em quem tem Parkinson?

Nem sempre. O Parkinson também pode afetar a visão de outras formas. Um exame oftalmológico ajuda a identificar a causa correta.

 

  1. Como saber se a cirurgia vale a pena em alguém com Parkinson e demência leve?

Depende do nível de funcionalidade e interação. Se ele responde a estímulos visuais e tem rotina de cuidados, a cirurgia pode ser muito útil.

 

  1. Uma vizinha comentou que o pai dela teve mais tremores depois da cirurgia. Isso pode acontecer mesmo?

Pode haver flutuações por causa da suspensão da medicação ou estresse cirúrgico, mas geralmente são temporárias e bem manejadas.

 

  1. A cirurgia de catarata pode ser feita no mesmo hospital onde o paciente com Parkinson está internado?

Sim, em alguns casos isso é possível, especialmente se o hospital tiver estrutura para procedimentos oftalmológicos.

 

  1. Existem riscos maiores de complicações na cirurgia de catarata em quem tem Parkinson?

Os riscos são semelhantes aos de outros pacientes, desde que se adotem os cuidados específicos com medicação, anestesia e recuperação.

 

  1. Um paciente com Parkinson pode voltar a usar óculos depois da cirurgia de catarata?

Depende da lente implantada. Em muitos casos, é possível reduzir bastante a dependência de óculos, mas pode haver necessidade para leitura.

 

  1. Quem tem Parkinson deve operar a catarata mais cedo que outras pessoas?

Idealmente, sim. A perda visual pode piorar a mobilidade e aumentar o risco de quedas. Por isso, é melhor operar antes da catarata se agravar.

 

Referências

 

  • POSARELLI, Chiara et al. Cataract surgery under topical anesthesia in a patient with Parkinson disease and deep brain stimulation: a report of feasibility. European Journal of Ophthalmology, v. 25, n. 3, p. 258–259, 2015. DOI: 10.5301/ejo.5000546
  • SHEPPARD, Colin L. Cataract extraction and Parkinson’s disease. The Medical Journal of Australia, v. 162, p. 616, 1995.
  • LAMPELA, Pasi et al. Incidence of cataract surgeries in relation to diagnosis of Parkinson’s disease. Archives of Gerontology and Geriatrics, v. 104, p. 104842, 2023. DOI: 10.1016/j.archger.2022.104842.
  • CHIEW, Alyssa et al. Anesthetic considerations for cataract surgery in patients with Parkinson’s disease: a narrative review. Anesthesiology and Pain Medicine, v. 13, n. 3, e136093, 2023. DOI: 10.5812/aapm-136093.
  • LAI, Shih-Wei et al. Increased risk of Parkinson’s disease in cataract patients: a population-based cohort study. Parkinsonism and Related Disorders, v. 20, p. 1–4, 2014. DOI: 10.1016/j.parkreldis.2014.11.005.
  • XU, Angela L.; HAMEDANI, Ali G. Cataract surgery utilization in Parkinson’s disease: the English longitudinal survey on ageing. Graefe’s Archive for Clinical and Experimental Ophthalmology, v. 262, n. 3, p. 865–870, 2024. DOI: 10.1007/s00417-023-06314-8.

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