- Qual a melhor dieta para a DMRI?
- Vitaminas e Suplementação para a DMRI
- Lista de Vitaminas para DMRI disponíveis no Brasil
- Álcool, tabagismo e outros fatores que influenciam a DMRI
- Genética e Prevenção Personalizada
- Conclusão e Recomendações
- Perguntas Frequentes
- Infográfico sobre DMRI e dieta
- Sobre o Autor
- Referências Científicas
Qual a melhor dieta para a DMRI?
A DMRI (Degeneração macular relacionada à idade) é uma das principais causas de cegueira em idosos e sua prevenção passa, em grande parte, pela alimentação. A dieta mediterrânica é a mais recomendada, por ser rica em frutas, verduras, azeite de oliva, peixes e grãos integrais, com baixo consumo de carne vermelha.
Estudos demonstram que esse padrão alimentar reduz significativamente o risco de progressão para a forma tardia da doença, especialmente para a atrofia geográfica.
O consumo de peixes ricos em ômega-3, vegetais verde-escuros e alimentos ricos em antioxidantes é essencial para a saúde da retina.
Dietas baseadas em alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes, como a mediterrânica, ajudam a preservar a função retiniana e protegem contra o estresse oxidativo crônico, que é um dos principais mecanismos de dano à mácula.
Alimentos como azeite extravirgem, nozes, castanhas, frutas vermelhas, abacate, peixes de águas frias e vegetais crucíferos contribuem para essa proteção. Uma dieta equilibrada também favorece o controle de outras condições sistêmicas que afetam a visão, como diabetes e hipertensão.
Figura 1: Imagem ilustrativa de alimentos que são úteis na prevenção e combate da DMRI
Quais vitaminas ajudam a controlar e prevenir a DMRI? Qual a melhor formulação e como tomar?
As fórmulas AREDS e AREDS2 são as mais validadas cientificamente para retardar a progressão da DMRI. Elas contêm vitaminas antioxidantes (C e E), minerais como zinco e cobre, e carotenoides como luteína e zeaxantina.
A versão AREDS2, mais moderna, exclui o beta-caroteno, substituído pelos carotenoides, sendo mais segura para fumantes. O uso é indicado especialmente para pacientes com DMRI intermediária e deve ser feito diariamente, com orientação oftalmológica. Outras substâncias benéficas incluem vitaminas do complexo B, ômega-3 e magnésio.
A luteína, a zeaxantina e a meso-zeaxantina são encontradas em concentrações elevadas na mácula e têm a função de filtrar a luz azul e proteger as células fotossensíveis. Suplementos que combinam essas substâncias com ômega-3 e minerais têm se mostrado eficazes em melhorar a acuidade visual, aumentar a densidade do pigmento macular e retardar a progressão da DMRI. Estudos de meta-análise reforçam que a suplementação deve ser continuada por períodos prolongados para que os efeitos protetores sejam mantidos.
A fórmula AREDS2 contém os seguintes nutrientes nas dosagens específicas:
- Vitamina C: 500 mg
- Vitamina E: 400 UI
- Zinco (óxido de zinco): 80 mg
- Cobre (óxido cúprico): 2 mg
- Luteína: 10 mg
- Zeaxantina: 2 mg
Importante: o beta-caroteno foi removido da fórmula original devido ao aumento do risco de câncer de pulmão em fumantes.
Figura 2: Imagem ilustrativa de paciente fazendo uso de vitamina para DMRI.
Principais Suplementos para DMRI no Brasil
PreserVision® AREDS 2 – Bausch + Lomb
Composição: Luteína 10 mg, Zeaxantina 2 mg, Vitamina C 500 mg, Vitamina E 400 UI, Zinco 80 mg, Cobre 2 mg.
Neovite Max – Bausch + Lomb
Composição: Luteína 10 mg, Zeaxantina 2 mg, Vitamina C 45 mg, Vitamina E 10 mg, Zinco 7 mg, Cobre 900 mcg.
Totavit – Latinofarma
Composição: Luteína 10 mg, Zeaxantina 2 mg, Vitamina C 45 mg, Vitamina E 10 mg, Zinco 7 mg, Cobre 900 mcg.
Luteal – Aché
Composição: Luteína 10 mg, Zeaxantina 2 mg, Vitamina C 45 mg, Vitamina E 10 mg, Zinco 7 mg, Cobre 900 mcg.
Luvis S – Genom
Composição: Luteína 10 mg, Zeaxantina 2 mg, Ômega 3, Bilberry, Semente de Uva, Vitaminas C, E, B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, Cobre, Zinco, Selênio, Manganês.
Lut Vision – Teuto
Composição: Luteína 10 mg, Zeaxantina 2 mg, Vitaminas A, C, E, Zinco, Cobre.
Luteimax – Maxinutri
Composição: Luteína 20 mg, Zeaxantina 2 mg, Vitaminas A, C, E.
Ultimate Vision – Life Seeds
Composição: Luteína 20 mg, Zeaxantina 2 mg, Astaxantina 4 mg, Vitaminas A, C, D, E, B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, Cálcio, Cobre, Cromo, Ferro, Iodo, Magnésio, Manganês, Molibdênio, Selênio, Zinco.
True Vision Health – True Source
Composição: Luteína 20 mg, Zeaxantina 3 mg, Astaxantina 3 mg.
Druse – Cristália
Composição: Informações específicas não disponíveis.
RELUZE
Bebidas alcóolicas ajudam na prevenção da DMRI?
Um estudo recente investigou o impacto do consumo de álcool na progressão da DMRI. Em homens, o consumo moderado (até 3 drinques por semana) foi associado a menor risco de progressão para DMRI tardia. Entretanto, consumo excessivo (definido como “heavy drinking”) foi associado a maior risco de progressão da atrofia geográfica. Em mulheres, os dados foram menos consistentes. Importante: o consumo de álcool não influencia diretamente a perda da visão central (foveal sparing), mas seu uso deve ser moderado e avaliado caso a caso.
O mecanismo possível por trás dessa associação está ligado ao efeito antioxidante de compostos como o resveratrol, presente em vinhos tintos. Esses compostos podem atenuar a inflamação e o estresse oxidativo. No entanto, os riscos do consumo excessivo superam os potenciais benefícios, pois o álcool em excesso afeta negativamente o metabolismo hepático de vitaminas e minerais essenciais à visão.
Figura 3: Paciente com DMRI ingerindo taça de vinho.
Tabagismo piora a DMRI?
Sim, o tabagismo é um dos fatores de risco mais relevantes e modificáveis da DMRI. Fumar aumenta o estresse oxidativo e a inflamação, danificando o epítelio pigmentar da retina e acelerando a progressão da doença. Além disso, reduz a densidade do pigmento macular, comprometendo a proteção contra a luz azul. Parar de fumar reduz significativamente o risco de DMRI, mesmo em idades avançadas.
O cigarro também diminui a eficácia dos antioxidantes presentes na dieta ou na suplementação. A nicotina interfere na oxigenação tecidual da retina e favorece processos degenerativos. Campanhas de cessar tabagismo devem ser prioritárias entre pacientes com fatores de risco ou diagnóstico de DMRI.
Quais outros fatores pioram a DMRI?
Diversos fatores contribuem para o agravamento da DMRI. Obesidade (principalmente abdominal), sedentarismo, hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes mal controlada e exposição solar sem proteção são agravantes importantes. Adotar um estilo de vida saudável, com controle de peso, exercícios regulares, dieta balanceada e uso de óculos com proteção UV é essencial para retardar a progressão da doença.
A obesidade também está associada a alterações metabólicas que afetam a saúde ocular. A gordura visceral aumenta a produção de citocinas inflamatórias que prejudicam a microcirculação da retina. A prática de atividade física regular melhora a função vascular e reduz o risco de progressão da DMRI.
Quanto a genética interfere na progressão da DMRI?
A predisposição genética é um fator relevante. Variantes em genes como CFH e ARMS2 aumentam o risco de desenvolver DMRI. Contudo, estudos mostram que mesmo pessoas com predisposição genética elevada se beneficiam de intervenções no estilo de vida, como alimentação saudável, uso de suplementos e controle de fatores ambientais. Ou seja, a genética não é um destino imutável.
Indivíduos com alelos de risco têm resposta mais intensa à proteção conferida pela dieta mediterrânica, sugerindo que uma intervenção nutricional pode modular a expressão dos genes associados à doença. A medicina personalizada pode, no futuro, indicar suplementos e dietas com base no perfil genético do paciente.
Conclusão
A DMRI é uma doença multifatorial, e sua prevenção está diretamente ligada a hábitos de vida. Uma dieta equilibrada, rica em antioxidantes e carotenoides, aliada ao uso de suplementos validados, à abstinência do tabaco, moderação no álcool e ao controle de doenças sistêmicas são as melhores estratégias para preservar a visão. A consulta regular ao oftalmologista permite a detecção precoce e orientação personalizada para cada paciente.
A prevenção da cegueira relacionada à idade passa, sobretudo, por escolhas diárias. Pequenas mudanças, como aumentar o consumo de vegetais, reduzir alimentos processados, proteger os olhos do sol e manter a pressão arterial sob controle, têm impacto cumulativo positivo na saúde ocular.
Perguntas de pacientes sobre DMRI e dieta
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Minha mãe tem DMRI e usa a vitamina Neovite todos os dias. Mesmo assim ela tem piorado a visão de forma contínua. Ela não consegue mais assistir TV e ler. Tem algo que ela pode fazer pra melhorar?
É importante reavaliar a progressão da DMRI com um oftalmologista. As vitaminas ajudam a retardar, mas não interrompem totalmente a evolução da doença. Outras opções, como ampliação eletrônica, mudanças na iluminação e, em alguns casos, tratamento com injeções anti-VEGF, podem ser consideradas.
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Tomo Totavit todos os dias. Isso é suficiente para não perder minha visão com o tempo?
A suplementação ajuda, mas não substitui acompanhamento oftalmológico e controle de outros fatores de risco como alimentação, pressão arterial e tabagismo.
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Tenho DMRI em estágio inicial. Preciso mesmo tomar essas vitaminas?
Sim, estudos mostram que o uso precoce pode ajudar a retardar a progressão da doença, especialmente em quem tem fatores genéticos ou familiares.
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Posso usar qualquer marca de vitamina com luteína?
Não. A fórmula deve seguir as proporções do estudo AREDS2. Algumas marcas têm quantidades insuficientes ou ingredientes não recomendados.
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Posso tomar essas vitaminas por conta própria?
Não é o ideal. A suplementação deve ser orientada por um oftalmologista com base no estágio da sua DMRI.
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Tenho 80 anos e perdi quase toda a visão central. Ainda vale a pena tomar a vitamina?
Sim. Embora não recupere a visão, pode ajudar a preservar o que resta e proteger o outro olho, caso ainda esteja preservado.
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Sou diabético e tenho DMRI. Posso tomar essas vitaminas?
Sim, mas é importante verificar a interação com seus medicamentos e a presença de outros nutrientes, como ômega-3.
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Minha mãe não se adapta com cápsulas grandes. Existe versão líquida?
Algumas marcas oferecem cápsulas gelatinosas menores ou soluções líquidas. Consulte seu oftalmologista para recomendação.
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Uso PreserVision mas ouvi falar do Neovite. Devo trocar?
As fórmulas são um pouco diferentes. Converse com seu médico sobre custo, tolerabilidade e disponibilidade.
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Essas vitaminas podem ser tomadas a vida toda?
Sim, desde que não haja contraindicações clínicas. O acompanhamento médico é essencial.
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As vitaminas fazem o olho parar de doer?
Não. DMRI geralmente não causa dor. Se há dor ocular, pode haver outra condição associada e você deve procurar o oftalmologista.
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Tenho histórico familiar de DMRI. Devo começar a tomar as vitaminas antes de ter diagnóstico?
Não há recomendação para uso preventivo em pessoas sem sinais da doença. O ideal é manter uma dieta saudável e acompanhamento regular.
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Tenho alergia a soja. Posso usar essas vitaminas?
Algumas marcas usam óleo de soja. Verifique a composição e converse com seu médico.
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Existe algum exame que mostra se a vitamina está funcionando?
A evolução é acompanhada por exames de imagem como OCT e retinografia, e não diretamente pela ação da vitamina.
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Vi um suplemento com luteína de 40 mg. Isso é melhor?
Não necessariamente. A dose recomendada pelo AREDS2 é de 10 mg. Doses muito altas podem não ser mais eficazes e até prejudiciais.
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A vitamina substitui o tratamento com injeção? Já fiz 8 aplicações no meu olho direito.
Não. Injeções anti-VEGF são indicadas para DMRI exsudativa. A vitamina é complementar. Tanto pacientes com a forma úmida como com a forma seca podem se beneficiar do uso de suplemento vitamínico.
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Quanto tempo demora para as vitaminas começarem a fazer efeito?
Os efeitos são cumulativos e visam prevenção a longo prazo, não há melhora imediata.
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Sou fumante. Posso usar qualquer fórmula?
Evite fórmulas com beta-caroteno. Prefira as que contêm luteína e zeaxantina, como as da AREDS2.
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Essas vitaminas fazem mal para o fígado ou rins?
Em geral, são seguras, mas quem tem problemas hepáticos ou renais deve ter acompanhamento rigoroso.
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Tenho glaucoma e DMRI. Posso tomar a vitamina?
Sim, a suplementação é segura, mas você deve seguir acompanhamento para ambas as doenças.
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O uso da vitamina pode causar diarreia ou náusea? Percebi aumento de gases após o uso de vitaminas para retina.
Alguns pacientes relatam efeitos gastrointestinais. Um dos componentes que podem estar relacionados é o Cobre. Testar outra marca ou tomar com alimentos pode ajudar.
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Já faço uso de polivitamínico Centrum. Ainda preciso de AREDS2?
Sim. Os multivitamínicos comuns não têm os níveis adequados de luteína, zeaxantina e zinco.
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Tenho degeneração há 15 anos e já perdi parte da visão do olho direito. A vitamina pode prevenir a doença em meus filhos?
Não há indicação de uso preventivo em jovens saudáveis, mas hábitos saudáveis são recomendados.
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Minha mãe toma Neovite mas não melhora. Isso quer dizer que a vitamina não funciona?
Não. A vitamina visa retardar a progressão, não reverter a doença. A piora pode ser parte do curso natural da DMRI.
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Existe algum tratamento natural que substitua essas vitaminas?
A alimentação rica em vegetais, peixes e azeite ajuda, mas não substitui a fórmula validada cientificamente.
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Qual a diferença entre luteína e zeaxantina?
Ambas são carotenoides presentes na mácula e agem como antioxidantes. Juntas, protegem melhor a retina.
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Posso tomar essas vitaminas com remédio para pressão?
Em geral, sim. Mas o ideal é confirmar com seu médico para evitar interações.
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Tenho dificuldade de engolir cápsulas. Posso abrir e misturar no suco?
Depende da marca. Algumas cápsulas podem ser abertas, outras não. Verifique a bula ou com seu médico.
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Vi um suplemento mais barato. Posso trocar?
Se a fórmula for idêntica à AREDS2, sim. Mas desconfie de produtos muito baratos sem comprovação científica.
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Quantas cápsulas preciso tomar por dia?
A maioria das marcas recomenda 2 cápsulas ao dia, mas siga exatamente a indicação do fabricante e do seu oftalmologista.
Infográfico DMRI
Figura 4: Infográfico DMRI – Para reproduzir pedimos que cite a fonte (aronguimaraes.com.br)
Sobre o Autor
Dr. Aron Guimarães, Oftalmologista especialista pela USP/SP, com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
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REFERÊNCIAS
- CHEW, E. Y. et al. AREDS2 Research Group. Lutein + zeaxanthin and omega-3 fatty acids for age-related macular degeneration: The Age-Related Eye Disease Study 2 (AREDS2) randomized clinical trial. JAMA, v. 309, n. 19, p. 2005-2015, 2013.
- AGRÓN, E. et al. Dietary nutrient intake and progression to late age-related macular degeneration in the Age-Related Eye Disease Studies 1 and 2. Ophthalmology, v. 128, n. 3, p. 425–442, 2021.
- PAWLOWSKA, E. et al. Dietary polyphenols in age-related macular degeneration: protection against oxidative stress and beyond. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v. 2019, Art. ID 9682318.
- BERNSTEIN, P. S. et al. Lutein, zeaxanthin, and meso-zeaxanthin: The basic and clinical science underlying carotenoid-based nutritional interventions against ocular disease. Progress in Retinal and Eye Research, v. 50, p. 34–66, 2016.
- KEENAN, T. D. L. et al. Adherence to the Mediterranean diet and progression to late age-related macular degeneration in the Age-Related Eye Disease Studies 1 and 2. Ophthalmology, v. 127, n. 11, p. 1515–1528, 2020.
- KEENAN, T. D. L. et al. Alcohol consumption and risk of age-related macular degeneration and geographic atrophy progression. Ophthalmology, v. 130, n. 3, p. 278–288, 2023.
- LATINOFARMA. LatinoVision AREDS2 – Suplemento vitamínico ocular. [S.l.]: Latinofarma. Disponível em: https://latinofarma.com.br. Acesso em: 23 abr. 2025.
- BAUSCH + LOMB. PreserVision AREDS 2 Formula Eye Vitamin. [S.l.]: Bausch + Lomb. Disponível em: https://www.bausch.com. Acesso em: 23 abr. 2025.