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Coçar ou esfregar os olhos causa ceratocone?

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Coçar ou esfregar os olhos causa ceratocone?

 

Sim. Coçar ou esfregar os olhos repetidamente pode causar danos mecânicos na córnea, levando ao afinamento progressivo e deformação típica do ceratocone. Estudos científicos mostram que esse hábito aumenta em até seis vezes o risco de desenvolver a doença. A fricção estimula a liberação de enzimas inflamatórias e compromete as células responsáveis pela integridade da córnea. Por isso, evitar coçar os olhos é uma das medidas mais importantes para prevenir ou impedir a piora do ceratocone.

 

  1. O que é o ceratocone?

O ceratocone é uma doença ocular progressiva que afeta a estrutura da córnea — a camada transparente na parte frontal do olho responsável por focar a luz. Nessa condição, a córnea perde sua forma naturalmente arredondada e começa a afinar e se projetar para frente, adquirindo um formato de cone. Essa deformação compromete a visão, gerando distorções visuais, sensibilidade à luz, aumento do astigmatismo e, nos casos mais avançados, pode até exigir transplante de córnea.

 

A doença costuma se manifestar na adolescência ou no início da vida adulta, e evolui lentamente ao longo dos anos. Embora o ceratocone geralmente afete os dois olhos, a progressão e a gravidade podem ser diferentes entre eles. O diagnóstico precoce e o acompanhamento oftalmológico regular são fundamentais para controlar a progressão e preservar a qualidade visual do paciente.

 

Sintomas mais comuns do ceratocone:

  • Visão embaçada, mesmo com uso de óculos;
  • Aumento progressivo do astigmatismo;
  • Dificuldade para enxergar à noite;
  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Percepção de imagens duplicadas ou fantasmas;
  • Necessidade frequente de trocar o grau dos óculos;
  • Halo ao redor de luzes, principalmente à noite.

ceratocone coceira

Imagem: Paciente com ceratocone coçando os olhos

Em muitos casos, o ceratocone começa de forma silenciosa, sem sintomas evidentes, e só é identificado em exames oftalmológicos de rotina.

 

  1. É verdade que coçar os olhos pode causar ou piorar o ceratocone? Por que isso acontece?

Sim, diversos estudos científicos comprovam que coçar os olhos com frequência e vigor é um dos fatores mais fortemente associados ao surgimento e agravamento do ceratocone. Embora a doença tenha origem multifatorial, o hábito de coçar os olhos está presente em uma parcela significativa dos pacientes diagnosticados. Em uma revisão sistemática com metanálise, o risco de desenvolver ceratocone foi 6,46 vezes maior entre pessoas que relataram o hábito de coçar os olhos regularmente .

 

Como o ato de coçar os olhos afeta a córnea?

  • Aumento da pressão intraocular: Durante o ato de esfregar os olhos, a pressão dentro do olho pode aumentar até 150 mmHg — muito acima dos níveis normais. Essa pressão temporária e repetida afeta diretamente a estrutura da córnea .
  • Liberação de enzimas inflamatórias: A fricção estimula a liberação de interleucinas e metaloproteinases, enzimas que degradam a matriz extracelular e contribuem para a fragilidade e afinamento da córnea .
  • Lesão nos queratócitos: Essas células, que formam parte da estrutura da córnea, sofrem alterações devido ao trauma mecânico. A morte ou mudança de função dessas células pode prejudicar a regeneração corneana e favorecer a progressão do ceratocone .
  • Afinamento do epitélio corneano: O ato de coçar afina temporariamente a camada mais superficial da córnea, deixando-a mais frágil e suscetível a lesões cumulativas .

 

Esses mecanismos combinados enfraquecem a estrutura corneana ao longo do tempo, favorecendo a deformação característica do ceratocone.

 

Quem tem mais risco de coçar os olhos?

Pacientes com alergias oculares (conjuntivite alérgica), dermatite atópica, rinite e outras condições que provocam coceira constante são os mais vulneráveis. Em muitos desses casos, o ceratocone é agravado por episódios repetidos e intensos de coceira. Estudos apontam que até 80% dos pacientes com ceratocone relatam coçar os olhos frequentemente, sendo o prurido ocular a principal razão .

 

  1. Quais as outras causas do ceratocone?

Embora o atrito ocular seja o fator ambiental mais implicado na progressão da doença, o ceratocone não é causado por um único fator. Ele é considerado uma doença multifatorial, envolvendo predisposição genética, fatores ambientais e possíveis alterações bioquímicas.

 

Fatores genéticos:

  • Ter histórico familiar de ceratocone aumenta significativamente o risco. Estudos com gêmeos idênticos mostram alta taxa de concordância, e alterações genéticas específicas já foram identificadas em algumas famílias .

 

Fatores ambientais e comportamentais:

  • Exposição excessiva à radiação ultravioleta (regiões ensolaradas);
  • Uso inadequado de lentes de contato;
  • Atividades que provocam trauma repetitivo no olho;
  • Presença de doenças alérgicas e atópicas.

 

Doenças associadas ao ceratocone:

  • Síndrome de Down;
  • Síndrome de Ehlers-Danlos;
  • Leber congênita;
  • Dermatite atópica.

 

A interação entre os fatores genéticos e ambientais parece seguir a chamada “hipótese do duplo impacto”: o paciente nasce com uma predisposição genética, e a exposição a fatores como o atrito ocular desencadeia ou acelera o quadro.

Leia também: Melhor dieta para quem tem ceratocone

  1. Como é feito o diagnóstico do ceratocone?

O diagnóstico é feito por um oftalmologista, por meio de exames clínicos e complementares, especialmente os que analisam a curvatura e a espessura da córnea. Entre os principais métodos estão:

  • Topografia corneana: avalia a curvatura da córnea e detecta irregularidades sutis antes mesmo do surgimento de sintomas;
  • Tomografia de córnea (Pentacam): fornece imagens em 3D da estrutura corneana, analisando espessura, curvatura anterior e posterior;
  • Pachimetria: mede a espessura da córnea;
  • Exame com lâmpada de fenda: permite visualizar sinais como estrias de Vogt, anéis de Fleischer e cicatrizes corneanas.

 

O diagnóstico precoce é essencial para evitar que a doença avance e cause danos irreversíveis à visão.

 

  1. Quais são os tratamentos para o ceratocone?

O tratamento depende do estágio da doença e visa preservar a visão e retardar a progressão do afinamento corneano.

 

Nos estágios iniciais:

  • Óculos ou lentes de contato gelatinosas: corrigem a visão enquanto a deformidade ainda é discreta.

 

Estágios intermediários:

  • Lentes rígidas gás-permeáveis: proporcionam melhor qualidade visual ao criar uma nova superfície regular sobre a córnea irregular;
  • Lentes esclerais ou híbridas: indicadas quando as lentes rígidas não oferecem conforto ou boa adaptação.

 

Para interromper a progressão:

  • Crosslinking da córnea: procedimento que fortalece as fibras de colágeno corneanas utilizando riboflavina (vitamina B2) e luz ultravioleta. É o único tratamento capaz de estabilizar a progressão da doença.

 

Casos avançados:

  • Anéis intracorneanos (ex. anel de Ferrara): pequenas estruturas inseridas na córnea para melhorar seu formato;
  • Transplante de córnea (ceratoplastia): reservado para casos com opacidades ou afinamento extremo.

 

  1. Como prevenir o ceratocone?

A prevenção é baseada no controle dos fatores de risco, especialmente os comportamentais.

 

Dicas importantes:

  • Evite coçar os olhos: use compressas geladas, colírios lubrificantes ou antialérgicos prescritos;
  • Trate alergias oculares e respiratórias: controle a rinite, conjuntivite e outras condições que provocam prurido;
  • Use óculos escuros com proteção UV: reduzem o risco de exposição solar excessiva;
  • Evite lentes de contato mal adaptadas ou uso prolongado sem supervisão médica;
  • Faça exames oftalmológicos regulares, principalmente se houver histórico familiar de ceratocone.

 

  1. Conclusão

A relação entre coçar os olhos e ceratocone é clara e bem estabelecida pela literatura científica. Embora o ceratocone tenha origem multifatorial, o atrito ocular crônico se destaca como fator modificável e de alto impacto no desenvolvimento da doença. O ato de coçar os olhos, aparentemente inofensivo, pode desencadear alterações profundas e permanentes na estrutura da córnea.

 

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas como visão embaçada, sensibilidade à luz ou troca frequente de óculos, procure um oftalmologista. A informação correta é o primeiro passo para a prevenção.

 

Lembre-se: olhos não foram feitos para serem coçados. Cuide deles com carinho.

 

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.

Saiba mais em aronguimaraes.com.br

 

Perguntas sobre o tema:

 

  1. É verdade que só o fato de coçar os olhos pode causar ceratocone, mesmo em pessoas que não têm histórico familiar da doença? Sim, é verdade. Coçar os olhos com frequência e força é um fator de risco independente para o desenvolvimento do ceratocone, mesmo sem predisposição genética.
  2. Tenho muita alergia ocular e coço os olhos o tempo todo. Isso significa que eu vou desenvolver ceratocone no futuro? Não necessariamente, mas o risco é alto. Quem tem alergia ocular deve tratar a coceira com colírios e evitar o atrito para não lesionar a córnea.
  3. Por que coçar os olhos causa deformações na córnea? Isso acontece só pelo aumento da pressão ao esfregar? Não é apenas pela pressão. A fricção libera enzimas inflamatórias, afina a córnea, altera as células e compromete sua estrutura, favorecendo a deformação em forma de cone.
  4. Existe uma forma segura de coçar os olhos sem causar ceratocone? Não. O ideal é evitar completamente o atrito. Em vez de coçar, use colírios lubrificantes ou antialérgicos para aliviar os sintomas de forma segura.
  5. Quem tem ceratocone pode piorar o quadro se continuar coçando os olhos depois do diagnóstico? Sim, com certeza. Coçar os olhos após o diagnóstico pode acelerar a progressão da doença, aumentando a deformidade da córnea e piorando a visão.
  6. O ceratocone tem cura ou só conseguimos controlar o avanço da doença? Atualmente não há cura definitiva, mas é possível estabilizar o avanço com tratamentos como o crosslinking, além de medidas preventivas como evitar coçar os olhos.
  7. Quais são os primeiros sinais de que posso estar desenvolvendo ceratocone? Visão embaçada persistente, aumento frequente do grau, sensibilidade à luz e distorções visuais são sintomas iniciais que devem ser investigados com exames específicos.
  8. Lentes de contato podem causar ou agravar o ceratocone em quem coça muito os olhos? Sim. Lentes mal adaptadas ou combinadas com o hábito de coçar os olhos aumentam o risco de lesões e aceleram a progressão do ceratocone.
  9. Se eu coçar só levemente, com a ponta dos dedos, ainda existe risco de desenvolver ceratocone? Mesmo coceiras leves, se repetidas com frequência, podem gerar microtraumas acumulativos na córnea. Por isso, o melhor é evitar qualquer tipo de atrito.
  10. O uso de colírios pode prevenir o ceratocone em pessoas que coçam muito os olhos por causa de alergias? Sim. Colírios antialérgicos e lubrificantes reduzem a coceira, diminuindo o impulso de coçar e, consequentemente, protegendo a integridade da córnea.
  11. O ceratocone pode aparecer de forma repentina ou ele sempre se desenvolve aos poucos? O ceratocone se desenvolve de forma gradual, mas em alguns casos o paciente só percebe os sintomas quando a doença já está em estágio moderado ou avançado.
  12. Crianças que coçam muito os olhos têm mais risco de desenvolver ceratocone precocemente? Sim, especialmente se houver histórico familiar ou doenças alérgicas. Por isso, é importante controlar alergias e orientar as crianças a não coçar os olhos.
  13. Existe alguma técnica que fortalece a córnea para quem já tem ceratocone em estágio inicial? Sim. O crosslinking é um procedimento que fortalece as fibras de colágeno da córnea, impedindo ou retardando a progressão da doença.
  14. A cirurgia de ceratocone é indicada para qualquer pessoa que tenha a doença? Não. A cirurgia, como o transplante de córnea, só é indicada em estágios muito avançados, quando outras opções de tratamento não oferecem mais resultados satisfatórios.
  15. Coçar os olhos ao acordar é mais prejudicial do que em outros momentos do dia? Sim. Ao acordar, a córnea pode estar mais sensível e levemente edemaciada, o que a torna ainda mais vulnerável ao dano causado pelo atrito.
  16. Um histórico de ceratocone na família significa que todos os parentes terão a doença? Não. A genética influencia, mas não determina. Pessoas com histórico familiar devem fazer exames regulares e evitar fatores de risco, como coçar os olhos.
  17. É possível diagnosticar o ceratocone antes dos sintomas aparecerem? Sim. Exames como topografia e tomografia corneana detectam alterações precoces, mesmo em pessoas assintomáticas, o que permite iniciar o acompanhamento preventivo.
  18. Dormir com o rosto pressionado contra o travesseiro pode ter o mesmo efeito de coçar os olhos? Sim. A pressão constante sobre os olhos durante o sono pode gerar deformações semelhantes às causadas por coçar, principalmente em quem dorme de bruços.
  19. Existe alguma forma de reverter a deformação da córnea causada pelo ceratocone? Não há como reverter completamente, mas tratamentos como anéis intracorneanos, lentes especiais e transplante podem melhorar significativamente a visão e o formato da córnea.
  20. O ceratocone pode causar cegueira total se não for tratado? Embora não cause cegueira completa na maioria dos casos, o ceratocone pode comprometer gravemente a visão, a ponto de impedir a leitura, a direção e outras atividades básicas.

 

 

Referências:

 

  • McMONNIES, Charles W. Mechanisms of rubbing-related corneal trauma in keratoconus. Cornea, v. 28, n. 6, p. 607–615, 2009.
  • KORDI, Essam S. et al. Awareness About Keratoconus and Its Relation With Eye Rubbing: A Cross-Sectional Study in Medina. Cureus, v. 14, n. 11, e32030, 2022.
  • NAJMI, Hatim et al. The correlation between keratoconus and eye rubbing: a review. International Journal of Ophthalmology, v. 12, n. 11, p. 1775–1781, 2019. 4. SAHEBJADA, Srujana et al. Eye rubbing in the aetiology of keratoconus: a systematic review and meta-analysis. Graefe’s Archive for Clinical and Experimental Ophthalmology, 2021.

Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00417-021-05081-8

 

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