Cirurgia de Catarata em Pacientes com Depressão: Quais os Cuidados?
Você sabia que a catarata, além de afetar a visão, pode piorar quadros de depressão em idosos? E que, por outro lado, a cirurgia para correção da catarata pode ter um impacto direto na saúde emocional e na qualidade de vida de quem sofre com esse problema?
Neste artigo, exploramos uma relação muitas vezes ignorada: os efeitos da perda visual causada pela catarata sobre o bem-estar psicológico, especialmente em pessoas com depressão. A dificuldade para ler, andar sozinho, reconhecer rostos e realizar atividades cotidianas provoca, em muitos casos, isolamento social, queda da autoestima e agravamento dos sintomas depressivos.
Com base em estudos científicos recentes, mostramos como a cirurgia de catarata pode ir além da melhora visual: ela é uma verdadeira oportunidade de resgate da autonomia, da interação com o mundo e da esperança. Mas não basta apenas operar – o cuidado com pacientes depressivos exige atenção especial no pré e no pós-operatório. É preciso acolher, orientar com clareza, oferecer apoio emocional e promover o acompanhamento conjunto com psiquiatras ou psicólogos, quando necessário.
O texto também traz orientações práticas para familiares, cuidadores e profissionais de saúde: quando é o melhor momento para operar? Como lidar com o medo ou a recusa? Quais sinais indicam que a depressão está interferindo no tratamento? E mais: o que fazer quando o paciente mora sozinho ou depende do SUS?
Além de responder a essas dúvidas, o artigo reúne reflexões sobre o envelhecimento, o valor da escuta e a importância de enxergar o paciente como um todo – não apenas um olho a ser tratado, mas uma vida inteira que pode ser transformada.
Se você é familiar, cuidador, médico ou simplesmente convive com alguém que tem catarata e depressão, este conteúdo foi feito para você. A leitura pode mudar não apenas sua visão sobre a cirurgia de catarata, mas também sua forma de cuidar, de compreender e de oferecer esperança a quem precisa.
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O que é depressão e qual o tratamento?
A depressão é um transtorno mental comum, persistente e potencialmente incapacitante, que acomete pessoas de todas as idades, mas é particularmente prevalente entre idosos. Essa faixa etária está mais suscetível não apenas por questões biológicas do envelhecimento, mas também por fatores sociais e emocionais, como aposentadoria, perda de entes queridos, isolamento social e, frequentemente, doenças crônicas, como a catarata.
Clinicamente, a depressão é caracterizada por uma combinação de sintomas como humor deprimido, perda de interesse ou prazer em atividades antes apreciadas (anedonia), distúrbios do sono, alterações no apetite, fadiga, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração e pensamentos recorrentes de morte. Para o diagnóstico, esses sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas e causar prejuízo funcional.
O tratamento da depressão é multifacetado. Em casos leves, a psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), pode ser eficaz isoladamente. Em casos moderados a graves, a combinação com medicamentos antidepressivos é geralmente recomendada. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são os fármacos mais comumente prescritos, com bons perfis de segurança em idosos.
Outros componentes importantes do tratamento incluem a promoção da atividade física regular, reabilitação social, suporte familiar e acompanhamento constante por profissionais de saúde mental. Em alguns casos, especialmente aqueles com risco de suicídio, pode ser necessária a internação hospitalar.
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O que é catarata e qual o tratamento?
A catarata consiste na opacificação do cristalino, uma lente natural transparente localizada dentro do olho. Com a idade, a proteína do cristalino pode se degradar, levando à perda progressiva da transparência e consequente prejuízo visual. Essa condição é comum em idosos e é a principal causa de cegueira reversível no mundo.
Os sintomas clínicos incluem visão embaçada, sensibilidade à luz, dificuldade para enxergar à noite, necessidade de luz mais intensa para leitura, percepção de halos ao redor das luzes e frequente troca de grau dos óculos. Em estágios mais avançados, a visão pode se tornar extremamente limitada.
O tratamento é essencialmente cirúrgico. A facoemulsificação com implante de lente intraocular (LIO) é o procedimento padrão. Realizada sob anestesia local e de forma ambulatorial, é considerada segura, eficaz e com alto índice de satisfação. A escolha da lente intraocular é feita com base no perfil do paciente e nos objetivos visuais (visão para longe, para perto, lentes multifocais etc.).
Estudos apontam que mais de 90% dos pacientes submetidos à cirurgia recuperam significativamente a visão, podendo retomar atividades diárias com mais segurança e independência. Essa melhoria da função visual pode ter impacto positivo não apenas na qualidade de vida, mas também na saúde mental, especialmente em pacientes com sintomas depressivos.
Imagem ilustrativa
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Pacientes com depressão podem operar de catarata?
Sim, e em muitos casos, é fortemente recomendado. Vários estudos científicos apontam que a cirurgia de catarata não apenas melhora a função visual, como também pode reduzir significativamente os sintomas de depressão em idosos.
O estudo conduzido por Kheirkhah et al. (2018), com 250 pacientes com catarata bilateral, demonstrou que três meses após a cirurgia houve redução significativa nos escores da Escala de Depressão Geriátrica (GDS), com impacto direto na melhoria da qualidade de vida. A meta-análise de Pellegrini et al. (2020), que avaliou 16 estudos, concluiu que a cirurgia de catarata está associada a uma redução significativa dos sintomas depressivos e melhora na função cognitiva.
Essas evidências sugerem que a correção da perda visual através da cirurgia pode restaurar a autoestima, reduzir o isolamento social e possibilitar maior autonomia ao idoso. Tudo isso contribui para a melhora do humor e para a prevenção de recaídas depressivas.
No entanto, é imprescindível uma avaliação clínica cuidadosa antes do procedimento, com o envolvimento de um psiquiatra, especialmente nos casos em que há sintomas graves ou uso de múltiplas medicações. A estabilidade emocional é fundamental para garantir uma boa adesão ao tratamento e um pós-operatório bem-sucedido.
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Quais os cuidados especiais nesse caso?
Pacientes com depressão exigem uma abordagem integrada e cuidadosa durante todo o processo cirúrgico.
Os principais cuidados incluem:
- a) Avaliação psiquiátrica pré-operatória:Deve-se garantir que o paciente esteja emocionalmente estável, com sintomas sob controle. Situações de risco, como depressão maior com ideais suicidas, devem ser abordadas antes da cirurgia. É importante ajustar os medicamentos psicotrópicos que possam interferir com anestésicos ou medicações pós-operatórias.
- b) Comunicação clara e empática:Pacientes com depressão podem apresentar baixa motivação e compreensão reduzida. Explicações detalhadas, repetição das orientações e reforço positivo ajudam a aumentar a adesão ao tratamento.
- c) Suporte familiar e rede de apoio:Familiares devem ser orientados sobre o papel crucial que exercem na recuperação. Estímulo para manter o paciente ativo, cumprir as medicações e comparecer às consultas é fundamental.
- d) Pós-operatório supervisionado:A depressão pode prejudicar a adesão às orientações, como uso de colírios e repouso adequado. O seguimento deve ser mais frequente, com suporte emocional e, se necessário, visitas domiciliares.
- e) Monitoramento de efeitos adversos emocionais:Algumas mudanças pós-cirúrgicas, como adaptação visual, podem gerar frustração em pacientes que esperam uma visão “perfeita” imediata. O preparo para expectativas realistas ajuda a evitar recaídas do quadro depressivo.
- f) Coordenação entre especialistas:Oftalmologistas devem manter comunicação aberta com psiquiatras, psicólogos e outros profissionais envolvidos. O cuidado compartilhado é essencial para prevenir complicações e garantir o sucesso do tratamento.
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Se não operado de catarata, a depressão pode piorar?
Sim. A permanência da catarata sem intervenção cirúrgica pode agravar sintomas depressivos, sobretudo pela piora da qualidade de vida, isolamento social, perda de autonomia e aumento da dependência de terceiros.
O estudo de Wang et al. (2024), conduzido com 252 idosos na China, demonstrou que aqueles com catarata não operada apresentavam escores significativamente mais altos na Escala de Hamilton para Depressão, além de menor renda, menor nível educacional e maior propensão ao isolamento. Esses fatores são conhecidos como agravantes do quadro depressivo.
Outro estudo, realizado em Taiwan (Chen et al., 2020), acompanhou 233.000 pacientes por 16 anos e constatou que a catarata aumenta em 78% o risco de desenvolver depressão. No entanto, entre os que realizaram a cirurgia, esse risco foi reduzido em 25%, reforçando o impacto positivo da intervenção na saúde mental.
Estudos realizados no Canadá e Austrália também corroboram esse achado: pacientes na fila para cirurgia de catarata demonstram altos níveis de sofrimento emocional e, muitas vezes, necessitam de intervenções psicológicas enquanto aguardam o procedimento.
A conclusão é clara: adiar a cirurgia de catarata em pacientes com depressão pode agravar ambos os quadros, criando um ciclo de retroalimentação negativa entre perda visual e sofrimento psíquico. Sempre que possível, a intervenção precoce é preferível.
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Conclusão
A depressão e a catarata são condições prevalentes e profundamente impactantes entre os idosos. Quando associadas, formam uma combinação que pode reduzir drasticamente a qualidade de vida, autonomia e saúde geral do paciente. A boa notícia é que ambas têm tratamento eficaz.
A cirurgia de catarata, além de restaurar a visão, pode ser um divisor de águas na trajetória do paciente com depressão, possibilitando o resgate da autoestima, da vida social e da independência. Mas, para isso, é essencial um olhar humanizado e integrado, que envolva profissionais de diversas áreas e considere as necessidades emocionais do paciente.
A abordagem ideal passa por uma avaliação multiprofissional no pré-operatório, planejamento cuidadoso da cirurgia, suporte emocional no pós-operatório e acompanhamento psiquiátrico a longo prazo. Família e rede de apoio são pilares fundamentais.
Ao reconhecer a importância da visão na manutenção da saúde mental, damos um passo importante na direção de um cuidado mais completo e eficaz. O paciente não é apenas um olho a ser operado, mas um ser humano a ser acolhido e compreendido em sua totalidade.
Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
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Perguntas sobre o tema:
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Minha mãe está com catarata nos dois olhos e começou a evitar sair de casa. A cirurgia pode ajudar mesmo ela estando tão desanimada?
Sim, a melhora da visão devolve segurança e motivação. Muitos pacientes retomam suas rotinas e o convívio social após a cirurgia, o que melhora também o humor.
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Tenho um tio com 75 anos e plano da Unimed. Ele está com depressão leve e já não lê mais por causa da visão. A cirurgia pode mudar esse quadro?
Com certeza. Retomar atividades como leitura é terapêutico. A cirurgia é segura nessa idade e traz benefícios funcionais e emocionais importantes.
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Uma vizinha idosa comentou que está perdendo a visão, mas não quer operar porque vive sozinha. Isso é um impedimento para o pós-operatório?
Não. Ela precisará de apoio temporário nos primeiros dias, principalmente para os colírios. Com organização, é totalmente viável, mesmo para quem mora sozinha.
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Meu pai tem depressão crônica e foi indicado para operar a catarata. Mas ele disse que não vale mais a pena. Como convencê-lo?
Com empatia e apoio, mostre que melhorar a visão pode ser o primeiro passo para recuperar o prazer de viver. O médico também pode ajudar nessa conversa.
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Minha sogra tem plano básico e está com receio da cirurgia. Ouvi dizer que pelo convênio os resultados não são tão bons. Isso é verdade?
Não. A qualidade da cirurgia depende mais do profissional e do local do que do plano. Mesmo em convênios simples, os resultados costumam ser muito bons.
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Meu avô começou a confundir pessoas depois que a visão piorou. Ele pode operar mesmo assim?
Sim, desde que ele tenha compreensão básica do procedimento. A cirurgia pode, inclusive, ajudar na cognição, melhorando o estímulo visual e a interação social.
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Uma amiga da família disse que o pai ficou triste após a cirurgia, mesmo vendo melhor. Isso acontece com frequência?
É raro, mas pode ocorrer. Às vezes, as expectativas não foram alinhadas ou há questões emocionais prévias. O acompanhamento psicológico pode ser útil nesses casos.
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Minha tia de 82 anos, viúva, se recusa a operar. Ela diz que “não quer incomodar ninguém”. Como lidar com esse sentimento?
É importante mostrar que cuidar dela é um gesto de carinho e que a cirurgia pode deixá-la mais independente, evitando a sensação de ser um peso.
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Meu tio operou um olho e agora está confuso sobre operar o outro. Ele tem depressão leve. Isso é comum?
Sim, a desmotivação típica da depressão pode atrapalhar o seguimento. Conversas reforçando os benefícios e o suporte familiar ajudam na adesão.
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Uma senhora que conheço tem catarata e está muito irritada com tudo. Isso pode estar relacionado com a perda visual?
Sim. A frustração por não enxergar pode se manifestar como irritabilidade. Operar pode ajudar a reduzir esse estresse e melhorar o humor.
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Tenho uma prima que é cuidadora da avó com catarata e depressão. Ela está esgotada. A cirurgia ajudaria também quem cuida?
Sim. Melhorar a autonomia da paciente alivia muito a sobrecarga do cuidador, além de facilitar o dia a dia com menos dependência para tarefas básicas.
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Um conhecido operou a catarata mas ainda precisa de óculos. Isso é normal? Ele está desapontado.
Sim, é comum precisar de óculos para algumas atividades. A expectativa precisa ser ajustada antes da cirurgia para evitar frustrações.
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Meu avô usa o SUS e está esperando há meses pela cirurgia. Ele já está triste por causa disso. Existe forma de agilizar o processo?
Em alguns casos, relatórios médicos demonstrando impacto emocional e funcional podem ajudar a priorizar. Vale conversar com o oftalmologista.
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Minha irmã tem depressão e não aceita que está com catarata. Isso pode atrasar o tratamento?
Sim. A negação é comum em pacientes depressivos. O ideal é abordar com paciência, oferecendo apoio e, se possível, envolver um psicólogo na conversa.
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Minha mãe fez a cirurgia e agora está mais animada, mas reclama de incômodo no olho. Isso é normal no pós-operatório?
Leve desconforto pode acontecer nos primeiros dias. Se persistir, deve ser avaliado. A melhora no ânimo é um ótimo sinal de recuperação emocional.
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Meu pai mora em zona rural e tem catarata avançada. Não temos convênio. O SUS oferece esse tipo de cirurgia com qualidade?
Sim, o SUS realiza milhares de cirurgias de catarata por ano com bons resultados. É importante buscar o encaminhamento pelo posto de saúde local.
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Um senhor do nosso bairro foi operado e disse que voltou a se sentir “útil”. Isso acontece mesmo com frequência?
Sim! A recuperação da visão devolve autonomia e autoestima, fazendo com que o idoso volte a participar ativamente da família e da comunidade.
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Minha tia tem convênio, mas se sente muito insegura. Ela precisa ver um psiquiatra antes de operar?
Se houver sinais de depressão ou ansiedade intensas, sim. O psiquiatra pode avaliar a estabilidade emocional e ajustar a medicação antes da cirurgia.
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Conheço uma senhora que ficou muito ansiosa após a cirurgia. É normal essa reação?
Alguns pacientes mais sensíveis podem apresentar ansiedade no pós-operatório. Apoio psicológico e conversas tranquilizadoras ajudam muito nessa fase.
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Meu primo tem 63 anos e foi indicado para cirurgia, mas trabalha o dia todo. A recuperação exige muitos dias de repouso?
Não. A maioria dos pacientes volta às atividades leves em poucos dias. Apenas esforços físicos e exposição intensa devem ser evitados por um curto período.
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Um amigo está desconfiado porque disseram que “catarata volta”. Isso pode acontecer?
A catarata operada não volta. Em alguns casos, pode haver opacificação da cápsula posterior, tratável com laser, sem necessidade de nova cirurgia.
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Minha mãe não quer operar por medo de “ficar cega”. Isso é comum?
Sim, esse medo é frequente. A cirurgia de catarata é uma das mais seguras da medicina. Conversar com o médico e ver depoimentos de outros pacientes ajuda.
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Uma senhora do grupo de oração disse que ficou mais feliz depois da cirurgia. Isso é efeito direto ou coincidência?
É real. A melhora da visão impacta diretamente na qualidade de vida, aumentando autoestima, mobilidade e interação social.
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Meu avô tem catarata e vive dizendo que “não tem mais idade pra isso”. A cirurgia ainda é recomendada?
Sim, não existe limite de idade. Se ele estiver clinicamente bem, pode se beneficiar muito da cirurgia, inclusive no aspecto emocional.
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Tenho um tio que vive sozinho e está muito desmotivado. Ele ainda não foi ao oftalmologista, mas parece ter catarata. Por onde começar?
O ideal é agendar uma consulta o quanto antes. Um diagnóstico precoce facilita o planejamento da cirurgia e pode ser o ponto de partida para recuperar a motivação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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