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Tratamento do Glaucoma na Gestação e Amamentação: o que fazer?

glaucoma na gestação

Tratamento do Glaucoma na Gestação e Amamentação: o que fazer?

 O que é o glaucoma?

O glaucoma é uma doença ocular crônica, progressiva e multifatorial, caracterizada pela neuropatia óptica, geralmente associada ao aumento da pressão intraocular (PIO).

Se não for diagnosticado e tratado a tempo, pode levar à perda irreversível da visão. Embora mais comum em pessoas idosas, também pode acometer mulheres em idade fértil, principalmente em casos de glaucoma congênito, juvenil ou secundário a outras condições como uveíte ou trauma.

 Quais os principais tipos de tratamento para o glaucoma?

O tratamento do glaucoma tem como objetivo principal reduzir a PIO, o único fator de risco modificável conhecido. As opções terapêuticas incluem:

  1. Tratamento medicamentoso: colírios hipotensores oculares, como betabloqueadores, análogos de prostaglandinas, inibidores da anidrase carbônica e alfa-agonistas.
  2. Tratamento a laser: trabeculoplastia a laser seletiva (SLT) ou argônica (ALT).
  3. Tratamento cirúrgico: trabeculectomia, implantes de drenagem e cirurgias minimamente invasivas (MIGS).
Glaucoma em gravidas
Imagem Ilustrativa

 Há alguma alteração na gestação que pode piorar o controle do glaucoma?

Durante a gestação, várias mudanças fisiológicas afetam o sistema ocular. De forma geral, a PIO tende a diminuir, especialmente no terceiro trimestre, devido ao efeito vasodilatador dos hormônios como estrogênio, progesterona e relaxina, que aumentam o escoamento do humor aquoso.

Contudo, nem todas as gestantes com glaucoma apresentam essa redução de PIO. Cerca de 10% podem ter elevação da PIO e progressão da doença durante a gestação.

A instabilidade hormonal e a necessidade de suspensão de medicamentos considerados potencialmente tóxicos ao feto dificultam ainda mais o controle da doença. Além disso, o trabalho de parto e o uso de manobras de Valsalva podem gerar picos de PIO, com risco teórico de piora da neuropatia óptica. 

Quais medicações podem ser usadas na gestação e amamentação em quem tem glaucoma?

A escolha de medicamentos durante a gestação e amamentação exige extrema cautela, pois não existem colírios considerados totalmente seguros para o feto ou para o recém-nascido. O risco de efeitos adversos está relacionado à absorção sistêmica via mucosa nasal e excreção pelo leite materno.

glaucoma na gestação
Imagem Ilustrativa

Durante a gestação:

  • Betabloqueadores (ex: timolol): são os mais estudados e, quando usados com oclusão do ponto lacrimal, apresentam risco reduzido. Devem ser evitados no terceiro trimestre, pois podem causar bradicardia, hipoglicemia e depressão respiratória no recém-nascido.
  • Análogos de prostaglandinas (ex: latanoprosta): possuem potencial de induzir contrações uterinas, risco de aborto e são geralmente evitados.
  • Alfa-agonistas (ex: brimonidina): atravessam a barreira placentária e podem causar efeitos no sistema nervoso central fetal.
  • Inibidores da anidrase carbônica (ex: dorzolamida): dados em humanos são limitados, mas seu uso tópico pode ser considerado em casos selecionados.

 Durante a amamentação:

  • Betabloqueadores tópicos são excretados no leite, mas em níveis baixos. Timolol é aceito com monitoramento do bebê.
  • Brimonidina é contraindicada, pois pode causar sedativo e apneia em lactentes.
  • Dorzolamida e brinzolamida têm baixa absorção sistêmica e são geralmente consideradas seguras.

 Medidas complementares:

  • Uso de colírios sem conservantes.
  • Oclusão do ponto lacrimal após instilação do colírio por pelo menos 2 minutos.
  • Preferência por tratamentos a laser (SLT) sempre que possível.
  • Cirurgia é considerada em casos graves e refratários, com preferência para o segundo trimestre.

 Conclusão

O manejo do glaucoma em gestantes e lactantes é um desafio que exige abordagem personalizada, multidisciplinar e baseada em evidências. O oftalmologista deve balancear os riscos da progressão da doença para a mãe com os riscos potenciais dos tratamentos para o feto ou recém-nascido.

Educar a paciente sobre as mudanças fisiológicas da gestação e garantir o seguimento rigoroso são atitudes essenciais para um bom prognóstico visual e materno.

 Fontes:

  • Salvetat ML et al. Advancing Glaucoma Treatment During Pregnancy and Breastfeeding. Biomedicines, 2024. https://doi.org/10.3390/biomedicines12122685
  • Kumari R et al. Management of glaucoma in pregnancy – balancing safety with efficacy. Ther Adv Ophthalmol. 2021. https://doi.org/10.1177/25158414211022876
  • Banad NR et al. Trabeculectomy in pregnancy: Case studies and literature review. Indian J Ophthalmol. 2020. Link

Dr. Aron Guimarães é médico oftalmologista especialista pela USP/SP e com mestrado e doutorado pela UNICAMP.
Saiba mais em aronguimaraes.com.br

Perguntas de pacientes sobre gestação e glaucoma: 

  1. Estou grávida e tenho glaucoma. Preciso parar de usar meus colírios?

Nem sempre. Alguns colírios podem ser mantidos com segurança relativa, especialmente se utilizados com técnicas como oclusão do ponto lacrimal. Mas é essencial que seu oftalmologista reavalie o tratamento e, se necessário, ajuste a medicação para proteger você e o bebê.

  1. O glaucoma pode piorar durante a gestação?

Na maioria das mulheres, a pressão ocular tende a cair durante a gestação, o que pode melhorar o controle do glaucoma. No entanto, cerca de 10% das gestantes com glaucoma podem ter piora da doença, por isso o acompanhamento é fundamental.

  1. É perigoso usar colírio durante a amamentação?

Alguns colírios são excretados no leite materno em pequenas quantidades. Betabloqueadores, por exemplo, podem ser usados com cautela, mas outros, como a brimonidina, devem ser evitados. Sempre converse com seu oftalmologista e o pediatra.

  1. O glaucoma pode prejudicar o bebê durante a gravidez?

O glaucoma em si não afeta o feto. O risco está em algumas medicações, que podem atravessar a placenta ou serem excretadas no leite. Por isso, o tratamento deve ser personalizado e feito com acompanhamento médico rigoroso.

  1. Posso fazer cirurgia de glaucoma durante a gravidez?

Sim, em casos graves ou quando o tratamento clínico falha. O segundo trimestre é o período mais seguro para intervenções cirúrgicas. A cirurgia é realizada com cuidados especiais para preservar a saúde da mãe e do bebê.

  1. Existe algum tratamento alternativo ao uso de colírios durante a gestação?

Sim. Procedimentos como a trabeculoplastia a laser seletiva (SLT) são boas opções em alguns casos e ajudam a reduzir a dependência de medicamentos durante a gravidez.

  1. Quais colírios são mais seguros na gravidez?

Os betabloqueadores tópicos (como o timolol) são os mais estudados e, com técnicas de administração adequadas, podem ser usados com segurança relativa. A decisão depende do seu caso específico e sempre deve ser discutida com o médico.

  1. Preciso mudar meu plano de parto se tenho glaucoma?

Na maioria dos casos, o parto normal pode ser realizado. Em pacientes com glaucoma avançado, alguns médicos podem sugerir cesariana para evitar picos de pressão ocular durante o esforço do parto. Essa decisão é feita em conjunto com obstetra e oftalmologista.

  1. Já fiz cirurgia de glaucoma. Posso engravidar com segurança?

Sim, mas é importante planejar com seu oftalmologista. Pacientes com cirurgia prévia podem ter alterações na pressão ocular durante a gestação e exigem monitoramento cuidadoso.

  1. O bebê pode nascer com glaucoma se eu tenho a doença?

Alguns tipos de glaucoma têm componente hereditário. Embora o risco de transmissão para o bebê seja baixo, é importante informar o pediatra e fazer exames oftalmológicos precoces na criança, especialmente se houver histórico familiar.

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